Freitas do Amaral diz que Portugal vive pior crise mas afasta eleições antecipadas

Antigo ministro defende que se espere pelos resultados das eleições alemãs.

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Freitas do Amaral Pedro Cunha/Arquivo

O fundador do CDS Diogo Freitas do Amaral considerou nesta quinta-feira que Portugal vive a situação mais grave de sempre mas defendeu que só devem ser convocadas eleições depois de constituído o novo Governo alemão.

Em entrevista à Antena 1, Freitas do Amaral disse que a actual situação no país só em comparável com a crise de 1383-85, que Aljubarrota resolveu, e com o domínio dos Filipes de Espanha, já que “está em causa a independência nacional”.

Ainda assim, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de José Sócrates defendeu que o Presidente da República não pode correr o risco de promover eleições antecipadas sem ter garantias de uma solução melhor.

"Eu esperava até às eleições alemãs, não vale a pena antes porque o novo Governo teria de cumprir o que está. Porque a verdade é esta: ou a política alemã muda por efeito das eleições ou teremos de ser nós a impor que mude", disse.

Para Freitas do Amaral, é preciso que a política alemã mude, porque está a dar cabo da Europa.
Uma outra situação que deve levar à convocação de eleições antecipadas é a necessidade de pedir um segundo resgate.

Caso se tenha de pedir um segundo resgate internacional, as eleições serão inevitáveis e devem ser exigidas quer pelo Presidente da República quer pelo "mais humilde cidadão", disse.

Na entrevista à rádio, Freitas do Amaral criticou o Governo, alegando que os resultados têm sido terríveis e considerou que “o pecado original” foi Paulo Portas ter sido relegado para número 3 do Executivo e não haver ninguém a fazer diplomacia europeia.

Apesar das críticas, o fundador do CDS não acredita que o actual líder do partido esteja a negociar uma coligação com o Partido Socialista e disse que isso seria uma deslealdade terrível” para com a coligação.

Freitas do Amaral criticou ainda a ida do primeiro-ministro a Belém, na sequência do chumbo de várias medidas do Orçamento de Estado pelo Tribunal Constitucional.

A ida de Passos Coelho e Vítor Gaspar a Belém para reunir com Cavaco Silva "foi patética”, argumentou Freitas do Amaral, referindo que a imagem que passou é que ou Cavaco Silva dava a mão ao Governo ou este já não tinha condições para continuar.

“O Governo tem explicado tão mal [as situações] e ninguém sabe como se sai daqui, porque o caminho que o Governo está a seguir só agrava a crise e o PS também ainda não apresentou alternativa viável", disse.

Embora não considere o líder do PS como uma alternativa ao actual primeiro-ministro, Freitas do Amaral elogiou António José Seguro por ter promovido reuniões com os restantes países para debater soluções para a crise e o desemprego.

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