CTT fecharam 110 estações e querem transferir mais 20

Empresa criou 56 postos de correio para substituir as lojas, através de parcerias com juntas de freguesia ou privados. "Estamos a dinamizar a economia local”, diz um responsável.

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Protestos têm-se multiplicado mas empresa não volta atrás Pedro Cunha/Arquivo

Desde o início do ano, os CTT encerraram 110 estações, das quais 56 foram transferidas para novos postos de correio, através de parcerias com juntas de freguesia ou privados. Mas o processo, que tem sido muito contestado, ainda não está fechado. A empresa está a negociar a transferência de mais 20 lojas, o que deve ficar concluído “nas próximas semanas”.

O processo de redimensionamento da rede prepara a empresa para a privatização, que ficou definida no memorando de entendimento com a troika. A forma como está a ser conduzido tem motivado protestos da população, aos quais se juntam autarcas e sindicatos, que acusam a empresa de encerrar estações sem aviso prévio.

O director nacional de lojas dos CTT, Pedro Vaz da Silva, refuta esta acusação. “Contactámos todas as juntas de freguesia e temos todo o interesse em que sejam nossas parceiras. Mas se dizem que não estão interessadas, temos que avançar”, sustenta.

O responsável garante que as estações das zonas urbanas só fecham se existir outra loja num raio de 1,5 quilómetros com capacidade para os clientes transferidos. No interior do país, o raio aumenta para 3,5 quilómetros. A deslocalização privilegia umas pessoas em detrimento de outras, assume. Mas “quem mora perto dos postos, por exemplo, fica a ganhar”.

Os postos, que podem funcionar nas juntas de freguesia ou em estabelecimentos comerciais (como papelarias), prestam um serviço igual ao das lojas, à excepção da venda de produtos financeiros, como Certificados de Aforro. A diferença é que o atendimento deixa de ser feito por um funcionário dos Correios, num espaço dos CTT.

“Ao adoptarmos este modelo, estamos a dinamizar a economia local”, defende Pedro Vaz da Silva, acrescentando que é uma parceria win-win. Ou seja, ganham os CTT – embora não revelem quanto vão poupar com este processo – e ganham os lojistas, que têm mais uma fonte de rendimento.

O redimensionamento da rede resulta da diminuição da procura, que se situa entre 25% e 30%, argumenta o responsável. O processo vai levar também ao reajustamento dos funcionários, mas a empresa garante que não vai despedir. “Não podemos fazer contratação a prazo e as pessoas estão a sair para aposentação”, justifica.

A argumentação, porém, não convence. Para esta sexta-feira à tarde estavam marcados protestos em Lisboa. Mas as vozes de contestação têm-se feito ouvir um pouco por todo o país.

Os habitantes e o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Paulo Quaresma, repetiram o protesto de quarta-feira, mas desta vez à porta da estação, que encerrou ontem. O autarca desafiou ainda as pessoas que estavam na concentração a irem com ele até ao posto dos CTT dos Restauradores para apresentarem uma reclamação. “Por coincidência, neste momento, o posto dos CTT do Colombo estão encerrados por problemas técnicos, mas não é por isso que desistimos e por isso vamos agora até aos Restauradores continuar a protestar”, disse o autarca à Lusa.

Também para a freguesia dos Anjos, que vai perder uma estação, estava marcado um protesto. O objectivo destas manifestações é levar a empresa a recuar. Na quinta-feira os CTT cederam ao protesto levado a cabo pela população e pelo autarca da freguesia da Ajuda, que tal como em Carnide estiveram fechados várias horas na estação, para impedir o encerramento.

“Queremos abrir um posto na Ajuda, mas não conseguimos operacionalizar isso com a junta”, admite Pedro Vaz da Silva. Durante os próximos dois meses a empresa quer encontrar uma solução, em parceria com o autarca local. 

 
 

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