Facebook promete reforçar moderação após campanha contra "discurso de ódio"

A empresa fundada por Mark Zuckerberg reconhece que tem falhado na filtragem de conteúdos considerados ofensivos.

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As organizações de defesa dos direitos das mulheres alcançaram o seu objectivo em apenas uma semana Justin Sullivan/AFP

O Facebook cedeu à campanha lançada por organizações de defesa dos direitos das mulheres e anunciou que está a trabalhar para "melhorar a resposta" às denúncias de mensagens com conteúdo "controverso, prejudicial e de ódio".

"Nos últimos dias, tornou-se evidente que os nossos sistemas de identificação e eliminação de mensagens de ódio não têm funcionado tão eficazmente como gostaríamos, em particular no caso do ódio baseado no género", lê-se na resposta da vice-presidente do Facebook Marne Levine à carta aberta publicada na semana passada pelas organizações Women, Action & the Media e Everyday Sexism Project.

Em apenas sete dias, a campanha em defesa de uma "acção rápida, abrangente e eficaz contra a representação de violações e violência doméstica no Facebook" reuniu centenas de milhares de assinaturas e levou mesmo a Nissan a cancelar a publicação de anúncios na rede social. Outras marcas conhecidas, como a Dove, fizeram saber que estão a pressionar o Facebook para melhorar os seus mecanismos de moderação. A Women, Action & the Media disponibiliza no seu site algumas imagens partilhadas no Facebook consideradas chocantes.

Os responsáveis da empresa fundada por Mark Zuckerberg ouviram as exigências das organizações e as ameaças dos anunciantes e prometeram "actualizar" os seus critérios de avaliação. Entre as medidas anunciadas destacam-se o investimento em mais formação para as pessoas que filtram os conteúdos partilhados; a abertura de "linhas de comunicação mais formais e directas" com organizações e activistas; e o aumento do "grau de responsabilidade dos criadores de conteúdos que não são considerados de ódio, mas que podem ser cruéis ou insensíveis".

A resposta foi recebida com satisfação pela Women, Action & the Media. "O Facebook tem feito mais do que a maioria das outras empresas para enfrentar este assunto", lê-se num comunicado publicado no site da organização. "Esperamos que este momento marque uma transição histórica para os media e para os direitos das mulheres (...) Estamos ansiosos por colaborar com estas comunidades em acções, em larga escala ou em pequena escala, até vivermos num mundo seguro e justo para as mulheres, para as jovens e para todas as pessoas", conclui a organização de defesa dos direitos das mulheres, com sede em Cambridge, no Reino Unido.

Os critérios de moderação de conteúdos no Facebook foram revelados publicamente no ano passado por Amine Derkaoui, um jovem marroquino de 21 anos que recebeu formação numa empresa de "outsourcing". A maior tolerância para com imagens que retratam violência explícita e a proibição de fotografias com mulheres a amamentarem um filho, por exemplo, foram alguns dos pontos mais contestados, para além dos baixos salários pagos aos moderadores.

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