Bebés: Se não dormem de dia é do ambiente, se não dormem de noite é genético

Estudo publicado na revista da Academia Americana de Pediatras concluiu que diferentes factores influenciam o sono das crianças durante o dia e a noite.

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Mafalda Melo

O estudo, realizado no Canadá e cujas conclusões são divulgadas nesta segunda-feira na revista da Academia Americana de Pediatras, teve como objectivo determinar as contribuições de factores ambientais e genéticos na duração do sono diurno e nocturno em crianças de seis meses, ano e meio, dois anos e meio e quatro anos.

O estudo tentou registar de que forma uns factores influenciam mais do que os outros e para isso a equipa de investigadores analisou os relatos das mães de 995 gémeos (405 idênticos e 586 não idênticos) nascidos na região do Quebeque, Canadá. A cada mãe foi pedido que indicasse o padrão de sono de cada um dos filhos em cada uma das quatro fases etárias. Assim, foi possível comparar os padrões de sono de gémeos idênticos e não idênticos, incluindo as horas de sono diário e a frequência com que acordavam e precisavam de ajuda para voltar a adormecer.

No estudo não se procurou determinar os genes específicos associados ao dormir, mas antes estabelecer se os gémeos verdadeiros partilhavam mais os padrões de sono do que os gémeos não idênticos.

Com base na análise dos padrões de sono destas crianças, o estudo revela que a duração do descanso diurno na primeira infância é influenciada pelo ambiente do local onde a criança está a dormir, enquanto a duração do sono nocturno é principalmente afectada por factores genéticos. Para cerca de 71% das crianças que dormiam pouco à noite, os investigadores atribuíram este tipo de padrão de sono a factores genéticos.

“A influência genética é apenas uma parte da equação que controla a duração do sono. Ninguém deve desistir de tentar corrigir uma duração inadequada de sono ou maus hábitos de sono na infância”, defende Evelyne Touchette, investigadora da Universidade Laval no Quebeque e uma das autoras do estudo, citada pela Live Science.

Importância do ambiente quando crescem
O estudo concluiu que apenas 5% das crianças analisadas foram consideradas como tendo períodos de sono curtos, parecendo necessitar de menos de dez horas de sono por noite. Evelyne Touchette sublinha que antes de os pais afirmarem que o seu filho é um destes casos é preciso confirmar se a criança não está a dormir por outras razões.

O trabalho de investigação indica que, com o crescimento, as influências ambientais, como a hora a que a criança vai dormir, explicam cada vez mais as diferenças nos padrões de sono. Isso verificou-se principalmente a partir dos 18 meses, quando o ambiente em que a criança dormia à noite começava a assumir um papel mais importante. O mesmo se verificou em crianças que vão dormindo menos horas, nomeadamente quando deixam de fazer os mesmos períodos de sesta. Aos seis meses, as crianças começam a fazer apenas duas sestas por dia e aos 18 meses já estarão a fazer apenas uma. Na maioria dos casos, aos quatro anos as crianças deixam de descansar durante o dia. 

O estudo indica que é quando a criança tem cerca de um ano e meio que os pais podem ter uma intervenção mais bem sucedida para que os filhos tenham uma boa noite de sono. Apesar destes dados, a equipa de investigadores considera que é necessário realizar investigações para aprofundar que rotinas familiares têm um peso maior na duração do sono diurno durante a primeira infância.

O estudo conclui que as influências genéticas não podem ser evitadas, mas os factores ambientais, como a hora a que a criança vai para a cama ou as rotinas de higiene, podem ser alterados para que exista um sono mais regular, essencial para o desenvolvimento físico e mental da criança.
 
 
 

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