CGTP quer trabalhadores a protestar em feriado religioso suspenso
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, anunciou nova jornada de luta da central sindical para 30 de Maio.
Este novo protesto acontecerá alguns dias antes da greve da função pública, agendada para Junho, mas ainda sem dia marcado. A data foi escolhida por coincidir com o dia do Corpo de Deus, um dos quatro feriados suspensos pelo Governo.
Ainda a manifestação deste sábado não tinha terminado e a CGTP já anunciava uma “nova jornada de luta” para a próxima quinta-feira, dia 30 de Maio. A data foi escolhida por coincidir com o dia do Corpo de Deus, um dos quatro feriados suspensos pelo Governo.
“Convocamos uma grande jornada de luta em todos os locais de trabalho, contra o roubo dos feriados e para dizermos não ao trabalho gratuito”, disse Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, sem falar em qualquer paralisação.
A concentração organizada por esta unidade sindical levou neste sábado alguns milhares de trabalhadores e reformados à zona de Belém, em Lisboa, para exigir a demissão do Governo a Cavaco Silva. Arménio Carlos considerou que esta manifestação foi “uma das maiores jornadas de luta em Lisboa”. Contudo, ao contrário do previsto, os manifestantes não puderam reunir-se perto do Palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República, e juntaram-se perto do Mosteiro dos Jerónimos.
“Mais do que salvar a coligação do Governo, como pretende o Presidente da República, estamos aqui a manifestar-nos para salvar o país de uma política que inferniza as nossas vidas e hipoteca o futuro colectivo da nação”, afirmou Arménio Carlos durante a sua intervenção. Aproveitou para censurar o líder do CDS-PP, Paulo Portas. “Afirma-se como defensor dos reformados, mas não nos esquecemos que foi o CDS que deu cobertura a medidas que atingem esta camada”, disse, indicando os cortes nos subsídios como exemplo.
O aumento do número de horas de trabalho foi uma das principais críticas apontadas pela CGTP ao Governo. Também Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, aludiu a esta medida e, que disse tratar-se de “um ataque baseado num argumento falacioso e hipócrita, que é o de uniformizar as condições de trabalho do sector público com o privado”.
“O palhaço está ali”
Muitos aproveitaram a deixa de Miguel Sousa Tavares (que, em entrevista ao Jornal de Negócios, chamou “palhaço” a Cavaco Silva) e envergaram narizes vermelhos durante o protesto. Um dos manifestantes, que não se quis identificar, garante que “os políticos participam todos neste circo”. E acrescenta, enquanto aponta para o Palácio de Belém, que “o palhaço está ali mais à frente”.
Aos manifestantes concentrados em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, juntaram-se três concentrações sindicais: a da Função Pública, a dos sindicatos dos distritos a sul do Tejo e a dos sindicatos do Norte. Os movimentos inter-sindicais dos jovens e dos reformados também estiveram presentes e a maioria abanava um lenço branco no ar “para dizer adeus ao Governo”.
“Queremos mandar este Governo para a rua porque só tem feito mal aos reformados, aos pensionistas e aos idosos”, explica António Mateus Dias, de 56 anos, membro do Movimento Nacional de Reformados Portugueses. Criada há dois anos, esta organização decidiu a esta manifestação e promete marcar presença em protestos futuros. “Vamos a todas as manifestações que forem feitas, vamos a todas as lutas que houver em Portugal.”
Idalina Costa, aposentada, assegura que também “vai a todas”. Tanto que veio de propósito de Gouveia, Guarda, para marcar presença nesta concentração. Só lamenta ver mais idosos que gente jovem. “Isto é a maneira de que temos de falar, de nos defendermos, mas acho que deviam estar aqui mais jovens”.
Notícia actualizada às 20h20