Filipe fotografa casamentos e ganha prémios

Filipe Santos tem 26 anos e uma loja de fotografia. Seis das sete fotos que enviou para o World Wedding Photo 2013 foram distinguidas. De Barcelona, trouxe um primeiro prémio, um segundo lugar e quatro menções honrosas

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Filipe Santos

Filipe Santos combate estereótipos. Fá-lo naturalmente, sem qualquer pressão ou missão pré-definida. Nas suas mãos, uma foto de casamento não é mais uma foto com a noiva sentada na cama, a olhar-se ao espelho ou junto à janela. Nas fotos que tira, há ruas antigas, noivos de óculos de sol, um véu transparente na torre Eiffel, mercados, museus, palácios, quartos desarrumados, maquilhagens, bosques, piscinas. Há emoções que trespassam a lente. Pormenores e paixões intensas.

A fotografia de casamento é uma arte menor? O fotógrafo de 26 anos, dono de uma loja de fotografia em Lourosa, Santa Maria da Feira, responde com o seu trabalho. Em Abril, trouxe do World Wedding Photo, concurso internacional que teve lugar em Barcelona, um primeiro prémio com uma imagem de uma noiva-princesa num bosque, um segundo lugar com um casal a beijar-se debaixo de água, e mais quatro menções honrosas. A feliz estreia neste concurso com concorrentes de seis países aguçou-lhe o apetite.

“Podemos fazer fotos de casamento tão artísticas como as fotos de guerra ou de fotojornalismo”, garante ao P3. “Se a fotografia de casamento for feita com arte, como qualquer outra fotografia, acaba por ter o mesmo valor”, acrescenta. O que é preciso é criatividade e conhecer quem está do outro lado da lente. Filipe procura cenários não habituais e não concentra todo o trabalho no dia do casório. Sempre que possível, fotografa os casais antes e depois do nervosismo do “sim”. Um mercado gótico em Londres, o Museu do Louvre em Paris e os canais de Veneza, ao vivo e a cores, já serviram de cenário às suas fotos de casamento. Filipe procura o que não é óbvio. Detalhes.

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Filipe Santos, fotógrafo de 26 anos

Fotografar casamentos já não é o que era. Emoções e personalidades são, no fundo, as matérias-primas que lhe interessam e que tenta captar nas reuniões prévias. “Tento conhecê-los, perceber quem são”. Cada álbum é único, irrepetível, como a história que conta. A primeira versão do álbum é da sua autoria e normalmente há apenas imagens do casal e dos familiares mais chegados. Um tio por ser tio não tem de aparecer no álbum. A decisão final é tomada em conjunto.

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Filipe Santos

“Dá-me mais gosto fotografar pessoas em cenários reais do que estar a criar situações em estúdio”, confessa. Escolher a melhor foto, o casamento mais invulgar, é complicado. Há fotos tiradas em palácios. Houve uma sessão no próprio dia do casamento em que as casas foram substituídas pelo Museu da Chapelaria de São João da Madeira. Primeiro chegou o noivo, depois a noiva.

O primeiro casamento

Tinha 20 anos, quando fotografou o primeiro casamento. Frequentava um curso de vídeo na RTP, trabalhava em part-time numa loja de fotografia em Vila Nova de Gaia, e fotografava pessoas em restaurantes. Um cliente gostou da originalidade do jovem e desafiou-o a fotografar o seu casamento. Filipe não tinha máquina que pudesse chamar de sua. Comprou uma em segunda mão na Fnac, uma Nikon D70, que ainda hoje guarda como uma relíquia, que não vende por nada deste mundo.

Depois disso, não teve dúvidas do caminho a seguir. “Nesse dia, tentei apanhar todos os pormenores que não são muito habituais em fotografias de casamento. A noiva a maquilhar-se em casa, o quarto desarrumado, a família a perguntar se era preciso alguma coisa”, recorda. Depois do 9.º ano no Colégio dos Carvalhos, o menino que ainda sonhou ser arquitecto cresceu e inscreveu-se no curso de Fotografia e Vídeo na Escola Profissional do Infante, em Gaia.

Há quatro anos, Filipe Santos abriu a sua própria loja na Rua Central em Lourosa que se dedica a reportagens fotográficas de todo o tipo de eventos – casamentos, baptizados, comunhões. Pouco depois, mudou-se para um espaço quatro vezes maior na mesma rua com os três funcionários. Crise não é propriamente uma palavra que ecoe aos ouvidos de Filipe.

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