Sampaio defende que eleições antecipadas não são um cenário “mortal”

Anterior Presidente diz que as sondagens permitem a Cavaco "medir a temperatura" sobre a possibilidade de Portugal renegociar o memorando da troika.

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Jorge Sampaio considera que a crise actual é também de valores, de cultura e de civilização Nuno Ferreira Santos

O ex-Presidente da República Jorge Sampaio defendeu nesta quinta-feira, em entrevista à Antena 1, que a marcação de eleições antecipadas não é “uma coisa mortal” para o país e que está errada a ideia de que se deve evitar esse cenário a todo o preço.

Jorge Sampaio assinalou, no entanto, que a convocação de eleições antecipadas deve ponderar “razões de oportunidade”, mas opõe-se à ideia de que em democracia se deve evitar a consulta popular.

“Não acho que seja uma coisa mortal. O problema é o da oportunidade, qual é a oportunidade que se escolhe para isso. Há quem diga que este momento seria negativo, eu penso que nenhum momento destes é negativo, mas obviamente que há razões de oportunidade, é melhor aqui do que ali”, disse o anterior chefe de Estado.

Três dias depois da reunião do Conselho de Estado convocada pelo actual Presidente, Cavaco Siva, Sampaio diz que não pode “subscrever a ideia de que uma consulta popular, em abstracto, seja algo que tem que se evitar a todo o preço. Não é assim. A democracia tem soluções, uma das soluções é a consulta ao povo se isso for julgado evidente e necessário”.

Sem se “atrever” a antecipar a opinião de Cavaco Silva sobre o tema, Sampaio lembra que o Presidente da República ouviu durante sete horas os conselheiros, tendo ficado clara a posição de cada um sobre a matéria. “Ouviu-nos durante sete horas, já percebeu a opinião de cada um de nós”, frisou.

Já sobre a hipótese de renegociar o memorando da troika, o ex-Presidente afirma que “as sondagens actuais provam que há mais pessoas que querem renegociar e outras que querem rasgar. Isso só pode ocasionar a medição da temperatura por parte do senhor Presidente, isso é inteiramente com ele”.

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