Abrigos subterrâneos poderão ser obrigatórios em Moore após tornado

Só 10% das casas da cidade do estado de Oklahoma estavam equipadas com compartimentos anti-tornado.

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O estado de Oklahoma insere-se no "corredor de tornados" dos EUA Brett Deering/AFP

O tornado que reduziu vastas áreas de Moore a escombros e causou 24 mortos, incluindo nove crianças, está a levantar questões sobre se aquela cidade tinha realmente tomado todas as medidas de prevenção necessárias.

Apesar desta região da América ser conhecida como Tornado Alley (Corredor de Tornados) por causa da persistência desses fenómenos, a maior parte das casas não tem caves ou abrigos subterrâneos, que são considerados a melhor protecção contra tornados.

E embora uma centena de escolas no estado de Oklahoma tenham abrigos antitornado, as duas escolas primárias que foram arrasadas na segunda-feira são excepções – e depois de sete crianças terem morrido numa delas, a pergunta é: não haveria hoje mais sobreviventes se a escola estivesse melhor preparada? E também: por que é que não existem mais caves e abrigos subterrâneos no local que mais parece precisar deles?

Todos os anos, Oklahoma City acolhe a “National Tornado Summit”, uma cimeira centrada na preparação e resposta a fenómenos meteorológicos extremos como o que na segunda-feira devastou um subúrbio cerca de 20 quilómetros a sul da capital do estado de Oklahoma. Não é por acaso que essa cimeira tem sempre lugar em Oklahoma City: a ocorrência de tornados, muitos deles extremamente violentos, não é uma surpresa nesta região e, em geral, as populações estão informadas e preparadas para essa eventualidade. 

O tornado que atingiu Moore foi classificado como um EF5, a categoria mais forte e intensa de tornados, com ventos ciclónicos acima dos 320 quilómetros por hora.

O site oficial daquela cidade recomenda que todas as residências tenham um safe room ou uma cave. Um safe room é um compartimento blindado, semelhante a um cofre, que pode ser instalado abaixo do solo ou à superfície. Mas no Oklahoma não existe qualquer requerimento legal para que residências privadas, estabelecimentos comerciais ou públicos, incluindo escolas, tenham esse tipo de abrigos.

Apenas 10% das casas em Moore têm abrigos do género. 

A cidade não tem um abrigo comunitário porque, segundo o site, os 15 minutos entre o alerta de um tornado e o seu impacto não são tempo suficiente para as pessoas chegarem ao local em segurança e porque, “em geral, as pessoas correm menos riscos se se abrigarem numa residência razoavelmente bem construída”.

Numa referência ao tornado extremamente violento que se abateu sobre Moore em 1999, o mesmo site nota que “existe menos de 1% de probabilidade” de uma nova tempestade ser “tão forte e violenta” como essa. Ou seja, a cidade lançou os dados – e perdeu, na segunda-feira.

O mayor de Moore, Glenn Lewis, anunciou ontem na CNN que tenciona criar uma lei que torne a criação ou instalação de abrigos obrigatória em todos os novos projectos residenciais. “Vamos tentar aprovar isso o mais rapidamente possível”, disse.

A catástrofe natural de segunda-feira aumentou o interesse das populações locais em abrigos antitornado – na terça-feira, uma empresa de Oklahoma especializada na construção e instalação desses compartimentos recebeu 12 vezes mais chamadas de clientes potenciais do que o habitual, segundo o Huffington Post.  

Mas estes abrigos são caros. Os que são recomendados pela FEMA, a autoridade nacional de protecção civil, custam entre oito e dez mil dólares. Tal como outros estados situados no Tornado Alley, no Oklahoma existem programas públicos para incentivar as populações a instalarem safe rooms nas suas casas através de ajudas financeiras. Esse investimento tem levado ao crescimento deste tipo de protecções na região, mas os fundos são atribuídos através de um sistema de lotaria. No ano passado, 500 pessoas foram seleccionadas de entre 16 mil candidaturas. 

Questionado pelo New York Times sobre se o Governo deve exigir que as residências tenham safe rooms, Mike Gilles, um antigo presidente da Associação de Construtores Civis do estado de Oklahoma, disse que a medida iria encontrar oposição. “Nós achamos que é o mercado que deve determinar o que é que as pessoas põem nas suas casas, não o Governo.”

Título alterado às 14h58: A possibilidade de passar a ser obrigatória a existência de abrigos subterrâneos refere-se apenas a Moore e não a Oklahoma City ou ao estado de Oklahoma. Trata-se de uma proposta que partiu do mayor da cidade de Moore.

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