Espanha vai colocar 5000 jovens por ano no mercado de trabalho alemão

Procurar emprego num outro país da UE é uma opção temporária para os jovens que não encontram trabalho em Espanha, defende a ministra do Emprego.

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Em Espanha, mais de metade dos jovens em idade activa está desempregada Paulo Pimenta

Chegam da Polónia, Roménia, Hungria, Itália, Grécia, Portugal. E cada vez mais de Espanha. A emigração espanhola está a disparar para a Alemanha, um dos poucos países da Europa onde o mercado de trabalho parece resistir à crise e onde em 2012 se fixaram quase 30 mil espanhóis.

A braços com um desemprego galopante, sobretudo entre a população jovem (até aos 25 anos), o Governo espanhol celebrou nesta terça-feira um acordo com o executivo alemão para, anualmente, 5000 jovens espanhóis entrarem no mercado de trabalho da maior economia da zona euro. Em Espanha, há mais de seis milhões de pessoas desempregadas.

O programa prevê a formação profissional dual na Alemanha (para os jovens combinarem estudos com um emprego) e o “acesso a um posto de trabalho para pessoal qualificado” na Alemanha.

Com o plano agora celebrado com o executivo alemão, o Governo de Mariano Rajoy diz estar a dar “mais um passo” para promover o emprego jovem e a mobilidade profissional. E mais virão, garante a ministra espanhola do Emprego e Segurança Social, Fátima Báñez.

Em Madrid, onde apresentou o programa ao lado da homóloga alemã, Ursula Von der Leyen, Fátima Báñez garantiu: “Muito em breve, [a cooperação com a Alemanha] vai materializar-se em medidas adicionais conjuntas que permitirão dar os nossos jovens um futuro melhor”.

O programa insere-se na “Estratégia de Empreendedorismo e Emprego Jovem” e é divulgado uma semana antes de a Alemanha e França apresentarem em Paris uma iniciativa para combater o desemprego jovem na União Europeia (UE). Em causa está um plano que, segundo a imprensa alemã, envolve o Banco Europeu de Investimento (BEI), para financiar empresas que contratem jovens.

Desemprego jovem nos 56%
Espanha tem mais de seis milhões de desempregados. Mais de metade dos jovens em idade activa está sem trabalho. Em Março, 26,7% da população activa estava desempregada; na faixa etária dos 15 aos 24 anos, a percentagem de desemprego sobe para 55,9%.

É uma geografia de contrastes o mapa do mercado de trabalho na Europa. Espanha, a quarta maior economia da moeda única, é o país da UE com a segunda maior taxa de desemprego (a seguir à Grécia); a Alemanha, o Estado-membro com segundo menor nível de desemprego (depois da Áustria).

Os avisos sobre uma geração em risco no mercado de trabalho estão aí. O rápido aumento do nível de desemprego nos países do Sul é um desses vértices, que a crise veio agravar.

Um relatório recente da Organização Internacional do Trabalho sobre as tendências globais do emprego jovem alertava: a entrada no mercado de trabalho piorou com a crise, obrigando os jovens a serem menos selectivos no tipo de trabalho que desempenham, o que fez aumentar o número de jovens que aceitam trabalhos temporários ou a tempo parcial.

Desemprego na Alemanha abaixo dos 6%
No arranque do ano, quando o número de desempregados em Espanha ainda não passara os seis milhões, José Ignacio Conde-Ruiz, investigador da Fundación de Estudios de Economía Aplicada (FEDEA), escrevia no El País: “Não sairemos desta crise até Espanha se converter num país atractivo para a entrada de capitais que invistam em actividades produtivas e que permitam empregar uma grande parte [dos desempregados]”.

Segundo dados recentes do instituto estatístico alemão (Destatis) citados pelo El País, a emigração espanhola para a Alemanha aumentou 45% no ano passado, com a chegada de 29.910 novos imigrantes espanhóis.

É num país que a taxa de desemprego estava em Março nos 5,4% (7,6% entre os jovens) que a ministra espanhola do Emprego vê oportunidade para quem não encontra lugar no mercado de trabalho espanhol.

A Alemanha é “um espaço de muitas oportunidades para muitos jovens espanhóis que, hoje, por causa da crise, não as têm no nosso país e que, contudo, podem tê-las temporariamente noutro país da UE”, cita o El País.
 
 

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