Ministro canadiano do Ontário quer quintuplicar vagas para imigrantes

Charles Sousa, lusodescendente, elogia a "muita qualidade dos trabalhadores" portugueses.

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Canadá com leis mais exigentes na entrada de imigrantes Reuters

O ministro das Finanças do Ontário, o lusodescendente Charles Sousa, revelou este domingo que a província deverá quintuplicar o número de vagas para imigrantes, elogiando a “muita qualidade dos trabalhadores" portugueses. Mas as dificuldades para entrar no Canadá aumentaram, lamenta comunidade portuguesa.

"Temos vagas de emprego no Ontário e sabemos que há muitos imigrantes portugueses. Gostava de os poder ajudar", referiu o luso-canadiano, durante o jantar das comemorações dos 60 anos da emigração lusa no país.

A província tem direito a mil vagas por ano para trabalhadores estrangeiros mas o objectivo é quintuplicar esse número devido às necessidades de mão-de-obra, nomeadamente na área da construção civil.

"Temos direito a mil [vagas] mas estou a tentar aumentar para as cinco mil”, afirmou, esperando que o país aumente também o número de “50 mil para 75 mil” o número de autorização para estrangeiros, sendo que 75% destes casos “devem ser trabalhadores" solicitados pelas empresas canadianas, explicou Charles Sousa.

"Como representante do Governo da Província do Ontário, sabemos perfeitamente que precisamos de mais emigrantes, principalmente aqueles com o saber, com a noção, a educação, mas também as competências" necessárias ao país, frisou Charles Sousa.

A vinda de trabalhadores qualificados permitiria ao Ontário "ver crescer a sua economia e competitividade", salientou. "Precisamos de trabalhadores qualificados, Portugal oferece muita qualidade", referiu.

A construção civil é uma das áreas com mais carências, mas Charles Sousa também diz que há lacunas em áreas "académicas, de engenharia, e nas minas localizados no norte do Ontário". "Precisamos de pessoas que querem trabalhar, e os portugueses têm essa preparação", elogiou.

Dificuldade na entrada
Contudo, as novas medidas que o Governo canadiano está a implementar no país vão dificultar a entrada de trabalhadores temporários portugueses, alertam juristas e representantes da comunidade.

As autorizações para a presença de um trabalhador estrangeiro temporário "agora vão demorar mais tempo", disse Fernando Martins, advogado especializado em imigração: “Um processo que demorava dez dias, agora demora um mês e meio a dois meses”.

As empresas interessadas solicitam autorização aos serviços de recursos humanos e desenvolvimento de competências do Canadá (HRDSC) e, só depois desse processo ser aprovado, é que o trabalhador poderá concorrer à vaga, enviando a candidatura para a embaixada canadiana em Paris e “pedindo assim a autorização de trabalho, num processo que pode demorar uns três ou quatro meses antes de ser aprovado", explicou Fernando Martins.

No entanto os portugueses dos arquipélagos dos Açores e da Madeira têm a vantagem do processo demorar, em média, menos de metade do tempo, comparando com os habitantes no continente, visto que os continentais necessitam de exame médico obrigatório.

"É rigoroso e doloroso para os patrões que têm de esperar seis meses pelo processo, que cada vez fica mais complicado", reconheceu Fernando Martins.

No dia 29 de Abril, em conferência de imprensa, o ministro da Imigração do Canadá, Jason Kenney, anunciou novas medidas destinadas aos trabalhadores estrangeiros temporários, a fim de evitar que as empresas substituam os trabalhadores locais por mão-de-obra mais barata do exterior.

As empresas que solicitem trabalhadores estrangeiros para preencher vagas terão de pagar para que o seu requerimento seja considerado. O montante que os trabalhadores estrangeiros terão de pagar para obter a autorização de trabalho será também aumentado. Em paralelo, será revogada a lei que permitia aos empresários pagar salários 15% mais baixos aos trabalhadores estrangeiros temporários.

Comentando esta matéria, a presidente Federação dos Empresários Luso-Canadianos, Cristina Martins, considerou que a província do Ontário tem algumas lacunas na "falta de mão-de-obra". "Os patrões vão esperar mais, os vistos de autorização de trabalho vão ser demorados, o que vai complicar", salientou a responsável.

A dirigente mostra também alguma preocupação na utilização do programa em alguns sectores com salários mais baixos, onde os regulamentos são implementados de forma diferente.

No entanto, para a presidente da Federação de Empresários Luso-Canadianos, existem também aspectos positivos nestas novas medidas, já que a harmonização salarial entre trabalhadores imigrantes e canadianos. "Isto vem trazer alguma justiça ao mercado de trabalho", concluiu.

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