Marques Mendes diz que Gaspar será o próximo comissário europeu

Ex-presidente do PSD avisa que reformas do Estado podem ser "bomba política, social e jurídica" por causa sobretudo das taxas sobre as pensões.

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Marques Mendes diz que remodelação governamental é “inevitável” Foto: Pedro Cunha

O ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes afirmou neste sábado que Vítor Gaspar não deverá sair do Governo antes de Junho de 2014, mas nessa altura poderá ser o nome indicado pelo Governo para o lugar de comissário europeu.

"Vítor Gaspar tem desde o início um compromisso com Passos Coelho – o compromisso de cumprir os três anos do período de resgate. Não acredito que este compromisso seja violado – nem por uma parte nem por outra", afirmou Marques Mendes, para explicar as razões pelas quais o actual ministro das Finanças não é remodelável.

Mas quando terminar o programa de ajustamento em curso, Mendes considera "muito provável" que Vítor Gaspar "possa ser indicado por Passos Coelho para comissário europeu". Um processo que coincide com as eleições europeias de Junho de 2014 e o fim do mandato de Durão Barroso na Comissão Europeia.

No seu comentário semanal na SIC, Marques Mendes avisou também o Governo para os riscos da reforma do Estado, em especial a taxa prevista para onerar as pensões da função pública, mas também pelas novas regras da mobilidade dos funcionários do Estado.

"O pacote da chamada “Reforma do Estado”, sobretudo pelo momento em que vai ser executado (quando já há no país uma enorme fadiga de austeridade) é uma bomba política e uma bomba social", disse. Política devido ao risco ruptura da coligação, dada a oposição do CDS.

Sobre a instabilidade social, Mendes criticou a forma como o Governo fala de cortes nas pensões. "É chocante", qualificou o comentador, que está contra o uso de expressões como “não há dinheiro”, “não há alternativa”, “temos de reduzir o défice”. "Parece que o Governo trata os pensionistas como cobaias" e "tem prazer em fazer mal aos pensionistas".

Em seu entender, trata-se de "um duplo assassínio: um assassínio político e um assassínio social": "O Governo mata a sua autoridade moral para governar (é muito firme com os fracos mas não com os fortes); e mata a confiança e a sensibilidade de um dos sectores mais vulneráveis da sociedade", analisou.

Mendes alertou também para a possibilidade de se tornar uma "bomba jurídica" porque "chumbam de caras no Tribunal Constitucional". "Em matéria constitucional, convém que não volte a brincar com o fogo. Um terceiro chumbo no TC seria dramático para o Governo", sublinhou.

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