Já não é possível "imprimir" em casa uma arma em 3D

100 mil downloads depois, o ficheiro para "imprimir" uma arma com uma impressora 3D ficou indisponível. Departamento de Estado norte-americano pediu que o ficheiro fosse retirado do site

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Em menos de uma semana, a organização Defense Distributed anunciou que pretendia distribuir um ficheiro que permite “imprimir” uma arma inteira recorrendo a impressoras 3D. O ficheiro ficou disponível na Internet e terá sido descarregado, em dois dias, 100 mil vezes depois de um vídeo mostrar a arma “impressa” a ser disparada com sucesso. O Departamento de Estado norte-americano vem agora dizer que as leis de controlo de armas podem estar em risco e pediu à Defense Distributed que retirasse o ficheiro do seu site.

Os números são avançados pela revista norte-americana Forbes. Foram feito pelos menos 100 mil downloads do ficheiro que permite a impressão da pistola, que recebeu o nome Liberator. Através do ficheiro era possível imprimir numa impressora 3D uma arma inteira. A pistola foi disparada com sucesso e a demonstração foi filmada para um vídeo disponibilizado no Youtube.

A arma é feita de plástico, com excepção de um prego, que é usado como percussor, a peça responsável por bater na bala e originar o disparo. A bala disparada era uma munição convencional.

A possibilidade de criar uma arma completa através deste processo surge depois de o Senado norte-americano ter rejeitado uma proposta de lei para reformar o controlo sobre a venda de armas, uma das bandeiras da Admnistração de Barack Obama.

Liberator, a arma com mais receptividade

Foi exactamente pelo risco de violação da actual legislação sobre o controlo de armas, nomeadamente a sua exportação, que o Departamento de Estado dos EUA enviou, na quinta-feira, uma carta à Defense Distributed para que a organização retirasse o ficheiro do site. Segundo a Forbes, além da Liberator, foi pedido que se tornasse indisponível o acesso a outros ficheiros a partir dos quais se podia imprimir partes de outras nove armas.

O Departamento de Estado justificou a Cody Wilson, fundador da organização que tem uma licença para fabrico de armas, que pretende verificar até que ponto não há violações da regulamentação sobre o comércio internacional de armas. Esta questão é levantada devido à possibilidade de o ficheiro ser descarregado em qualquer parte do mundo, sendo apenas necessário ter acesso à Internet e a uma impressora 3D.

Na carta, citada pela Forbes, o Departamento de Estado norte-americano diz ainda que a organização deve rever os restantes dados para "determinar se outros ficheiros estão de acordo com as exigências” do regulamento para o comércio internacional de armas.

Haroon Khalid, da Defense Distributed, admitiu à revista que, até esta quinta-feira, a Liberator foi a arma que teve maior receptividade entre os ficheiros disponíveis para serem descarregados. “Penso que nenhum de nós [na Defense Distributed] previu que seria tão bem recebida”.

Desde esta sexta-feira, o site da Defense Distributed tem uma mensagem a informar que “os ficheiros da DEFCAD foram removidos do acesso ao público a pedido do Departamento de Defesa norte-americano”. Na sua conta do Twitter a organização confirmou que o site “gone dark” (está às escuras). “Dirijam-se ao secretário de Estado”, termina o tweet.

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