Câmara de Lisboa diz que Semana Académica não afecta Monsanto

Autarquia garante que a organização se comprometeu a reduzir "quaisquer impactos" da festa estudantil, que decorre de 13 a 18 de Maio.

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O terreno já começou a ser preparado para a Semana Académica Nuno Ferreira Santos

A Câmara de Lisboa assegura que a realização da Semana Académica numa área limítrofe do Parque Florestal de Monsanto, junto ao Polo Universitário da Ajuda, “minimiza o impacto e a circulação de veículos” no interior do parque.

O município, que não respondeu às perguntas do PÚBLICO, emitiu um comunicado esta terça-feira afirmando que as áreas onde foram plantadas árvores nos últimos tempos e requalificadas linhas de água, com a ajuda de voluntários, não serão danificadas com a realização do evento, de 13 a 18 de Maio.

O esclarecimento da câmara veio na sequência dos protestos da Plataforma por Monsanto e do grupo municipal de Os Verdes. A plataforma, que junta uma dúzia de organizações ambientalistas, considera a escolha do sítio como um “atentado ambiental” e lembra que, nesta época do ano, aquela zona é um “oásis” para a nidificação da perdiz-vermelha – com o coberto vegetal repleto de flores.

A autarquia contrapõe que a Semana Académica vai realizar-se num espaço não florestado, que antes era utilizado para grandes eventos (como o festival Delta Tejo), e que as estruturas utilizadas serão “em número reduzido, com menor escala e com um menor impacto” do que as usadas anteriormente.

Acrescenta que “não será usada qualquer tenda, não se impermeabilizando por nenhum período de tempo o recinto”. Além disso, a área não inclui, segundo a câmara, o espaço onde foram plantadas árvores, nem a linha de água. “Ainda assim, estas áreas serão convenientemente vedadas pela organização a fim de impedir o acesso de público”, lê-se no comunicado.

A realização da Semana Académica do Parque de Monsanto teve luz verde da câmara mas recebeu um parecer desfavorável de um dos mais directos responsáveis pela gestão do parque. Este técnico considera que a concentração prevista de mais de 20 mil pessoas na orla de Monsanto, durante quatro dias, é nociva para a biodiversidade e a conservação da natureza.

No comunicado, a autarquia afirma contar com o “compromisso expresso” da Associação Académica de Lisboa, responsável pela organização, para a redução de “quaisquer impactos” do evento, através de medidas como a promoção de uma acção de sensibilização juntos dos participantes para a “adopção de boas práticas ambientais”. A organização garantiu, segundo a câmara, que o público ficará confinado ao recinto.

O município afirma ainda que “não haverá quaisquer movimentações de terras” para a realização da festa e que a organização se disponibilizou para “caso seja necessário” revolver o terreno e fazer uma sementeira para repor o coberto vegetal.

O local onde irá ter lugar a Semana Académica faz parte de uma clareira com dez hectares, integrada na Rota da Biodiversidade criada pela autarquia, e faz parte da maior bacia hidrográfica de Monsanto.

A Associação Académica de Lisboa mudou por várias vezes o local da Semana Académica nos últimos anos. No ano passado o evento realizou-se na zona de Santos, junto ao rio Tejo e não muito longe das casas, o que motivou várias queixas dos moradores por causa do ruído.

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