Alunos colocam faixas nas faculdades contra mais cortes

Estudantes temem aumento acentuado do valor das propinas e dispensa de professores, bem como o agravamento do preço das refeições e restrições no acesso a bolsas

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Pedro Cunha/Arquivo

Alunos do Ensino Superior de Lisboa reagiram esta segunda-feira às novas medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro, na sexta-feira, com a colocação de faixas nas faculdades a dizer “Cortes aqui não entram”.

Representantes de várias associações de estudantes concentraram-se à hora de almoço à porta da cantina velha, na Cidade Universitária, para anunciar reuniões do movimento estudantil, no sentido de serem desenvolvidas mais iniciativas de contestação.

“Já não é preciso mais cortes para a situação ser insustentável para os estudantes”, disse aos jornalistas Laura Almodovar, 19 anos, aluna do primeiro ano de Antropologia.

A aluna, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, enumerou o valor das propinas (cerca de 1.037 euros), os custos de habitação, a falta de residências, o agravamento das condições das famílias e os entraves à aprovação das bolsas de Ação Social.

“Há alunos que não podem ter acesso a bolsa porque os pais têm dívidas. A Acção Social Escolar Social é para isso mesmo, para quando os pais não podem pagar, não está a cumprir o seu papel”, lamentou. Segundo a mesma fonte, o movimento associativo vai reunir-se ainda nesta segunda-feira e continuar a concertar posições para futuras acções.

“Hoje quisemos marcar de imediato o anúncio de mais cortes, preocupa-nos o que se passa no ensino, mas também resto no país”, afirmou Laura. “De certeza que não podemos acabar este ano lectivo e ir de férias sem mostrar que não estamos de acordo”, acrescentou, embora a convocação de uma manifestação nacional ainda seja “uma incógnita”.

Receios dos estudantes

Os estudantes temem um aumento acentuado do valor das propinas e a dispensa de professores necessários ao sistema, bem como o agravamento do preço das refeições e restrições no acesso a bolsas.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou um pacote de medidas de cortes na despesa pública até 2015, no valor de 4,8 mil milhões de euros.

A acção desta segunda-feira foi uma iniciativa da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa, da Associação de Estudantes do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa, da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, da Associação de Estudantes do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território e da Associação de Estudantes da Escola Superior de Teatro e Cinema.

A Educação e a Segurança Social serão os sectores que mais contribuirão para a redução da despesa do Estado com as medidas sectoriais que o Governo pretende adoptar nos próximos anos, sendo responsáveis por mais de metade das poupanças.

De acordo com uma carta enviada pelo primeiro-ministro à ‘troika’, a que a agência Lusa teve acesso, o Governo vai aplicar medidas sectoriais que darão uma poupança de 505 milhões de euros já este ano, que sobem para 1,1 mil milhões de euros em 2014 e para 1.228 milhões de euros em 2015.

A Educação e a Segurança Social vão contribuir com mais de metade da poupança prevista neste bolo. O sector que dará maior poupança este ano será a Segurança Social, com 221 milhões de euros, a que se segue a Educação, com uma poupança de 106 milhões de euros.

Em 2014, a Educação passa a ser o sector que maior poupança dará ao Estado se as medidas que o Governo aplicar tiverem o efeito esperado, contribuindo com uma poupança de 325 milhões de euros em 2014, que se mantém em 2015.

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