Morreu Giulio Andreotti, o “divino”

Líder da defunta Democracia Cristã, foi um dos protagonistas da política italiana do pós-guerra.

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Filippo Monteforte/AFP

Giulio Andreotti, sete vezes primeiro-ministro da Itália, morreu nesta segunda-feira, aos 94 anos.

Foi um dos líderes de Democracia Cristã (DC), o partido que dominou a política italiana por quase 50 anos até aos anos 1990, quando o processo Mãos Limpas expôs as ligações entre política e máfia e provocou a implosão do sistema partidário. Dentro da DC, representava a ala mais conservadora e religiosa.

O próprio Andreotti foi acusado de assassínio e envolvimento com a máfia: de algumas acusações foi considerado inocente, mas os juízes de Palermo consideram que a cooperação com a Cosa Nostra (máfia siciliana) ficou provada, só que os crimes tinham entretanto prescrito.

"Em mais de meio século de vida pública, mais do que qualquer outro governante, Giulio Andreotti foi identificado como símbolo de um poder que nasce e se alimenta na zona de sombra", escreve o jornal La Stampa.

Chamavam-lhe “divino” – Divo Giulio (do latim Divus Iulius, usado para César) –, mas também "Príncipe das Trevas" ou "O Papa Negro".

“Andreotti foi a política: condensou o bem e o mal. Uma personalidade extraordinária. Um estadista internacional conhecido em todo o mundo. Um católico verdadeiro. Um grande estadista que sempre acreditou nas instituições”, diz Pier Ferdinando Casini, o líder dos centristas da UCD. “Andreotti foi a Democracia Cristã”, disse ainda Casini, em declarações à televisão Sky TG24.

Nasceu em Roma em 1919 e entrou pela primeira vez num governo aos 28 anos, como secretário da Presidência do Conselho. Para além de ter liderado sete governos, foi oito vezes ministro da Defesa, cinco vezes dos Negócios Estrangeiros e por três vezes ocupou a pasta da Participação Estatal. Foi ainda ministro das Finanças, da Indústria, da Administração Interna e dos Bens Culturais.

Andreotti tinha sido hospitalizado em Agosto do ano passado com uma arritmia cardíaca. Nos últimos meses esteve ausente do Senado, apesar das votações importantes para a escolha do Presidente da República e a confirmação do Governo saído das eleições de Fevereiro.
 
O funeral é na terça-feira.
 
 
 
 

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