Passos Coelho garante que “não haverá pântano em Portugal enquanto for primeiro-ministro”

Líder do PSD responde a Seguro dizendo que Portugal bateu contra a parede há dois anos, sob a condução de Sócrates e que agora é preciso lutar para não deixar afundar o país.

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Daniel Rocha

Pedro Passos Coelho deixou neste sábado uma garantia ao país, afirmando que enquanto for primeiro-ministro e independentemente do resultado das eleições autárquicas agendadas para o próximo Outono, não haverá pântanos em Portugal.

O líder do PSD falava no final do almoço de comemoração do 39.º aniversário do partido, em Pombal. Recusou que um eventual mau resultado dos sociais-democratas nas próximas eleições possa significar “uma espécie de antecâmara” do fim do Governo. A expressão pântano político foi usada por António Guterres, em 2001, na altura líder do PS e primeiro-ministro, quando se demitiu do Governo após uma frágil vitória eleitoral nas autárquicas desse ano. O PS foi na altura o partido mais votado (34%), mas PSD e CDS juntos obtiveram maior percentagem (41%), conquistando ainda importantes autarquias como Lisboa, Porto e Cascais.

Passos Coelho respondeu também ao actual líder do PS, António José Seguro, que na sexta-feira tinha dito que o país bateu contra uma parede com o actual executivo. Seguro criticava assim o novo pacote de austeridade anunciado pelo Governo, mas Passos Coelho rejeitou essa responsabilidade e dirigiu-a de volta aos socialistas, afirmando que Portugal bateu contra essa parede há quase dois anos sob a condução do governo de José Sócrates. Seria “uma tolice” não reconhecer o esforço que o país fez ao longo de dois anos, para não se “afundar”, acrescentou. Agora, é a altura de abrir uma “janela de esperança”, para a recuperação económica e o crescimento.

A propósito das medidas anunciadas na sexta-feira pelo primeiro-ministro, e que se destinam a cortar 4800 milhões de euros na despesa pública, Passos disse acreditar que Portugal está hoje em condições de preparar o futuro pós-troika.

Adoptar as medidas do PS
Num almoço em que estiveram cerca de 650 militantes, Passos dirigiu-se ainda ao principal partido da oposição para insistir na necessidade de um consenso amplo, em torno da reforma do Estado e do equilíbrio das contas públicas. Afirmou estar disponível para receber propostas do PS e até para “trocá-las” se estas forem melhores para o país.

Passos Coelho deixou diversos recados a Seguro e numa intervenção de quase uma hora disse que “ao contrário de outros”, sabe “o que custa negociar com a troika, o que custa pedir o acordo dos parceiros para ter dinheiro”. Concluiu, por isso, que este não é o momento “para assobiar para o lado” e nem “para contar votos”, mas para encontrar soluções para os problemas dos portugueses.

Sem referir nomes, o primeiro-ministro deixou ainda uma pergunta para algumas “vozes autorizadas e categóricas” que vaticinaram a queda do executivo aquando da divulgação dos resultados da execução orçamental do primeiro trimestre: “Onde estão hoje [essas vozes]?”

“Há muita gente em Portugal que pensa que a sua oportunidade só surgirá se houver revolta e eleições”, criticou o primeiro-ministro, dirigindo-se aos que fazem “o exercício de terror e medo” nos seus espaços de comentários nas diversas televisões.

No final da intervenção, Passos Coelho voltou a deixar uma palavra de reconhecimento ao parceiro de coligação, o CDS-PP, dizendo que “o combate no país não seria bem-sucedido sem o empenho do CDS”. “Não quero valorizar as diferenças que nos separam no Governo”, disse, preferindo realçar as convergências, as soluções encontradas por ambos os partidos para o país.

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