António Nóvoa exorta professores a dizer "não"

Reitor da Universidade de Lisboa falou no congresso da Fenprof, onde Mário Nogueira voltou a exigir a demissão do Governo.

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Nóvoa esteve hoje no congresso da Fenprof

O reitor da Universidade de Lisboa (UL), António Nóvoa, defendeu nesta sexta-feira que, “em tempos tão duros como os de hoje, ninguém tem o direito de ficar em silêncio”.

Falando na sessão de abertura do congresso da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que decorre até sábado em Lisboa, Nóvoa concretizou o que deve ser dito: “É tempo de dizer não. Não à degradação da escola pública. Não à mobilidade dos professores. Não a um país sem futuro. Como dizia Sophia de Mello Breyner: ‘Perdoai-lhes, Senhor, porque eles sabem o que fazem’”.

Segundo o reitor da UL, que não tem poupado críticas a este Governo, “os economistas da inevitabilidade tudo têm tentado para nos obrigar a recuar”. Mas também aqui a resposta tem de ser “não”, frisou: “Não haverá recuo. Não voltaremos atrás, porque não podemos prescindir de nada quanto à valorização da escola e dos professores, porque é aqui que estão as condições para um Portugal futuro que não seja apenas a repetição do Portugal passado”.

Nóvoa, que é o convidado especial da Fenprof no congresso já anunciou que não será candidato a reitor da nova universidade que nasceu da fusão da Universidade de Lisboa e da Universidade Técnica de Lisboa. Também indicou que, quando a eleição do novo reitor se concretizar, dentro de meses, abandonará a instituição.

No discurso de abertura do congresso, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, acusou Nuno Crato de ser “um ministro que não manda, que não governa, que não decide e que mente cada vez que fala, porque a realidade imposta pelo Governo é diferente”. Nogueira referia-se assim à possibilidade de na noite desta sexta-feira ser anunciado, por Passos Coelho, o aumento do horário de trabalho dos funcionários públicos de 35 para 40 horas semanais, uma medida que também abrangerá os professores.

Em Março, Crato reafirmou no Parlamento que no próximo ano lectivo não haveria alterações nem no horário de trabalho dos professores nem nas reduções de tempo de aulas para os docentes a partir dos 50 anos. Mas após ter sido conhecida a decisão do Tribunal Constitucional, em Abril, Crato apressou-se a dizer que esta “muda muitas coisas”.

“Nós precisamos de quem governe a sério e com seriedade na educação. Nós precisamos de quem saiba aquilo que vai fazer. Nós precisamos de outro ministro, de outra equipa ministerial, de gente séria à frente da Educação. Nós precisamos de uma ministro da Educação para Portugal, que não temos”, frisou Nogueira, que defendeu a demissão “urgente” de todo o Governo.  

Perante uma plateia de 650 delegados de todo o país, Nogueira declarou que novos cortes são inaceitáveis. “Para proteger crimes de banqueiros, de diversos especuladores e até de alguns governantes, não podemos admitir que o Governo cometa os crimes sociais que comete e só há uma forma de o parar: demitir urgentemente este Governo, exigindo do Presidente da República a convocação de eleições antecipadas”, disse.

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