Direcção-Geral da Saúde alerta viajantes para surto de dengue em Angola

Doença é transmitida por mosquito e pode demorar até 21 dias a manifestar-se. Febre é o sintoma mais comum mas há medicamentos a evitar.

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Um morcego come 3000 insectos por noite Reuters

A Direcção-Geral da Saúde alerta os portugueses que tenham uma viagem planeada para Angola ou que tenham vindo do país há pouco tempo que estão a ser detectados casos de febre de dengue em pessoas que estiveram recentemente naquela zona.

Num comunicado, o director-geral da Saúde lembra também que “a febre de dengue encontra-se, igualmente, difundida na maioria das regiões tropicais e subtropicais do Globo” e que a doença é transmitida pela picada dos mosquitos infectados com o vírus, não podendo ser passada de pessoa para pessoa.

Esta doença propaga-se através de vários mosquitos do género Aedese e provoca sintomas semelhantes a doenças como constipações e gripes, podendo tornar-se hemorrágica e mortal. Assim, Francisco George recomenda às pessoas que durante a estadia ou até 21 dias depois de regressarem de Angola ou de outras zonas onde exista a doença que fiquem atentos às “queixas sugestivas de dengue, nomeadamente febre de início súbito com dores de cabeça, dores musculares, dores articulares, ou ainda, mais raramente, manchas no corpo ou hemorragias”.

Medicamentos a evitar

Em relação ao tratamento, a Direcção-Geral da Saúde alerta que por existir a possibilidade de hemorragia está contra-indicado o uso de medicamentos como a aspirina (ácido acetilsalicílico) e de anti-inflamatórios não esteróides como o ibuprofeno. Para controlar a febre deve dar-se preferência ao paracetamol e ligar para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) ou contactar o médico assistente.

“A principal medida de prevenção é a protecção contra a picada de mosquitos, através do uso de roupas adequadas e da aplicação de repelente”, explica Francisco George. Assim, e uma vez que não existe vacina, em caso de viagem para Angola as autoridades de saúde recomendam que os turistas utilizem roupas frescas, largas, de preferência de cores claras e que cubram o máximo possível o corpo. Há mais recomendações que foram dadas aquando do surto na Madeira.

Quanto ao alojamento, diz o mesmo comunicado, sítios com ar condicionado e com redes mosquiteiras são os mais aconselhados. Mesmo assim não é de descartar a aplicação de repelente no corpo, sobretudo nas zonas expostas, mas tendo sempre em consideração as recomendações de cada produto.

Até à semana passada a dengue tinha sido diagnosticada em 30 portugueses, nomeadamente na consulta pós viagem do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa, adiantou a Lusa.

Mais infectados

O número de infectados pela febre de dengue em todo o mundo é cerca de três vezes superior às estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), atingindo os 390 milhões de pessoas por ano, avança um estudo publicado em Abril na revista Nature.

A doença existe nos trópicos, afectando principalmente o continente asiático, mas a globalização tem ajudado à sua dispersão para novos locais. Nos últimos meses de 2012, houve um surto de dengue na Madeira. A dengue também já teve surtos na Europa, nomeadamente o da Madeira que só foi dado como controlado pela Direcção-Geral da Saúde em Março. Ao todo, foram infectadas 2168 pessoas pelas picadas do Aedes aegyptie, um dos mosquitos que pode transmitir a doença, que terá sido introduzido na ilha em 2004. Os especialistas não põem de lado o cenário da chegada do mosquito a Portugal continental.

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