"O trabalho é essencial para a dignidade", alerta o Papa no 1.º de Maio

Há manifestações por toda a Europa contra o desemprego no Dia do Trabalhador. Em Istambul, houve confrontos com a polícia de intervenção.

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Papa Francisco na Praça de São Pedro AFP
Em Istambul, houve confrontos violentos entre manifestantes e polícia
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Em Istambul, houve confrontos violentos entre manifestantes e polícia BULENT KILIC/AFP
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Confrontos em Istambul Reuters

Dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em Espanha neste 1.º de Maio, em que as duas principais centrais sindicais espanholas se uniram para denunciar “a emergência nacional” que são os 6,2 milhões de desempregados. Em Roma, o Papa Francisco assinalou o Dia do Trabalhador pedindo aos dirigentes políticos “que façam tudo o que seja possível” para criar empregos: “O trabalho é essencial para a dignidade”.

“Penso nas pessoas, não apenas nos jovens, que estão sem empregos muitas vezes por uma visão económica da sociedade fundada no lucro egoísta, para além das regras de justiça social”, alertou o Papa na sua audiência semanal na Praça de São Pedro.

Em Espanha, dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em várias cidades com os sindicatos a pedir um grande pacto contra a “emergência nacional” do desemprego. Em Madrid, a manifestação convocada pela Confederação Sindical das Comissões dos Trabalhadores (CC OO) e pela União Geral de Trabalhadores (UGT) terá juntado mais de 50 mil pessoas, dizem os organizadores citados pelo diário El País.

“Frente ao drama do desemprego – reactivação económica e emprego. Frente às privatizações – serviço público e protecção social”, dizia uma das principais faixas de uma das manifestações em Madrid. "Este 1.º de Maio tem de marcar um antes e um depois”, disse Cándido Méndez, secretário-geral da UGT. “Há que pôr o emprego em primeiro lugar”, disse, sugerindo que a Europa destine entre 1% a 2% do seu PIB a lutar contra o desemprego.

Em Roma, o Papa Francisco comentou também o desastre do edifício Rana Palace, no Bangladesh, onde funcionavam cinco fábricas que produziam vestuário para marcas ocidentais, onde os trabalhadores recebiam um salário de miséria: “O título que me espantou no dia da tragédia do Bangladesh foi ‘vivem com 38 euros por mês’. Era o que recebiam as pessoas que morreram [402 mortos, até agora, ainda 149 desaparecidos]. É o que se chama trabalho escravo”, declarou o Papa, citado pela Rádio Vaticano.

No Bangladesh, este Dia do Trabalhador foi marcado pelos protestos de dezenas de milhares de pessoas, relata a AFP. Saíram à rua para exigir a condenação à morte dos proprietários das fábricas de têxteis do Rana Palace, palco do pior acidente industrial do país, que trabalhavam para grandes marcas ocidentais como a Mango ou a Primark.

Confrontos na Turquia
Na Turquia, manifestantes envolveram-se em confrontos com a polícia gritando “morte ao fascismo” e “longa vida ao 1.º de Maio”, por lhes ter sido impedido o acesso à emblemática Praça Taksim, no centro de Istambul. A praça está em obras, mas nos últimos dois anos tem havido sempre confrontos violentos no 1.º de Maio. Cerca de 22 mil polícias foram mobilizados para impedir o acesso das manifestações convocadas por comunistas e sindicatos para a Taksim. O governador da cidade deu conta de 30 pessoas feridas (das quais 22 eram polícias, disse) e 72 detenções entre os manifestantes.

Na Grécia, houve várias manifestações, pelo menos duas em Atenas e uma em Salónica, que juntaram 13 mil pessoas, segundo a AFP. Os trabalhadores dos ferries entre as ilhas gregas estão em greve, os transportes públicos de Atenas estavam a funcionar irregularmente e os trabalhadores da área da saúde saíram dos hospitais. Mas como a Páscoa ortodoxa calha este ano no domingo 5 de Maio, as comemorações do Dia do Trabalhador foram adiadas para 7 de Maio. A maior parte das empresas privadas estão hoje a trabalhar. 

Em França, as duas principais sindicais assinalam o 1.º de Maio divididas, devido às posições diferentes que assumiram em relação ao novo Código do Trabalho. Numa altura em que o desemprego em França atinge 3,2 milhões de pessoas e a maioria dos cidadãos (57%) considera que lutar para criar novos postos de trabalho deve ser a prioridade dos políticos, a CFDT aceitou a nova lei do Governo do Partido Socialista para “criar empregos”, a CGT considera-o “um acordo criminoso”.

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