Um Shakespeare lido no Japão vai abrir o ano do Teatro Oficina

Foto

O Rei Lear marca o regresso da companhia aos palcos

Inglaterra-Japão-Portugal. Foi algures neste eixo que o Teatro Oficina (TO) encontrou o caminho a percorrer para a sua nova produção, O Rei Lear, de William Shakespeare. O espectáculo marca o regresso da companhia aos palcos, depois do ano intenso de 2012. Mais para o final do ano, a estrutura sediada em Guimarães volta à circulação nacional, de mãos dadas com a Mala Voadora. O espectáculo que abre o novo ano para o TO começou a tomar corpo no Japão, quando os actores Emílio Gomes e José Eduardo Silva e o director artístico, Marcos Barbosa, ali estiveram em Agosto, a trabalhar com sobreviventes do tsunami, a partir do texto de Shakespeare. Na cidade de Iwaki e tornou-se impossível contornar a forma como a vida das pessoas com quem se cruzaram mudou desde a catástrofe. A violência daquele momento vai reflectir-se nesta nova criação.

Mas haverá também um olhar português, sublinhando a leitura contemporânea sobre a grande tragédia de Shakespeare. O Rei Lear do TO parte de uma nova tradução, assinada por Fernando Villas-Boas e estreará no dia 17 de Maio, na Caixa Negra da fábrica ASA, em Guimarães, mantendo-se em cena até ao dia 26 desse mês.

O director Marcos Barbosa é o encenador do espectáculo, que junta em palco nove actores, a maioria dos quais fizeram parte da equipa que trabalhou mais de perto com a companhia vimaranense durante o ano passado. A opção por um clássico para começar o ano é também “a forma de colocar em cima do palco todo o trabalho efectuado em 2012”, justifica o responsável.

Depois do clássico, os contemporâneos. Em Julho, o TO apresenta Title and Deed, de Will Eno, monólogo interpretado por Jorge Andrade, da companhia Mala Voadora. Essa criação será o ponto de partida para uma colaboração mais intensa entre a companhia de Guimarães e a estrutura sediada em Lisboa, que este ano celebra dez anos. O TO será anfitrião da Mala Voadora até ao final do ano e os actores das duas estruturas juntam-se em palco em Setembro para a primeira montagem feita em Portugal de The Day Room, de Don Dellilo. É uma comédia negra com encenação de Jorge Andrade e chegará em Outubro ao espaço Negócio, em Lisboa. “É a altura de voltarmos a circular”, defende Marcos Barbosa, pondo fim a dois ano de trabalho “em casa” por força da Capital Europeia da Cultura. 

Sugerir correcção
Comentar