Há Governo em Itália, com rostos mais jovens e sete mulheres como ministros

Enrico Letta apresentou um Governo com 21 ministros, que tomará posse no domingo. É composto por políticos do centro esquerda a que pertence, do partido de Berlusconi e ministros de Monti.

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Letta apresentou este sábado o governo ao Presidente Napolitano Alessandro Bianchi /REUTERS

Itália tem Governo, finalmente, após longos dois meses de impasse sem que os políticos conseguissem chegar a acordo: Enrico Letta, o número 2 do Partido Democrático (PD), apresentou neste sábado ao Presidente Giorgio Napolitano o Governo de 21 ministros que deverá tomar posse no domingo e enfrentar na segunda-feira o voto de confiança no Parlamento que a Constituição exige. Silvio Berlusconi fica de fora, mas Angelino Alfano, o seu delfim, é ministro do Interior e vice-presidente do Executivo que se alarga também à Escolha Cívica e a alguns ministros de Mario Monti

De fora fica Pier Luigi Bersani, o líder demissionário do PD, que falhou nas negociações para formar um Governo capaz de ultrapassar com sucesso o voto de confiança, e a quem o Presidente Giorgio Napolitano acabou por deixar cair, encarregando o seu número 2 de tentar formar governo.

De fora, por auto-exclusão, fica também o Movimento 5 Estrelas (M5S), do humorista Beppe Grillo — que por estes dias usa cada vez mais o sarcasmo do que apenas humor. “Mais de oito milhões de italianos que deram o seu voto ao M5S ficam considerados intrusos, como cães na igreja.”

Mas num Governo de 21 ministros, com um largo espectro de forças políticas, é importante verificar quem entra. Para já, é um Governo bastante feminino, para os padrões italianos, com sete mulheres — uma delas é a ex-comissária Emma Bonino, independente. Várias figuras femininas foram indicadas pelo Povo da Liberdade (PdL), de Berlusconi, como Beatrice Lorenzin, ministra da Saúde, ou Nunzia De Girolamo, ministra para a Política Agrícola. Ao todo, o PdL terá cinco ministérios.

A pasta da Justiça, uma das cobiçadas pelo Povo da Liberdade, de Berlusconi, ficará nas mãos de Ana María Cancellieri, que é a ministra do Interior no Governo cessante de Mario Monti. Pela primeira vez haverá um ministro de cor em Itália, e será uma mulher: trata-se de Cécile Kyenge, uma médica de 49 anos, nascida no Congo, que era porta-voz do PD para a política de imigração na Emília Romana. Será ministra da Integração. A pasta da Educação e da Ciência ficará também com uma mulher: Maria Chiara Carrozza (PD).

A pasta da Economia e Finanças foi entregue a Fabrizio Saccomanni, vice-governador do Banco de Itália. Será um dos rostos mais experientes num Governo rejuvenescido, em que muitos dos ministros andam pela casa dos 40 anos.

O novo Governo Letta recebeu um sinal positivo dos mercados: a agência de notação financeira Moody’s manteve a nota sobre a dívida italiana em Baa2, apesar da crise política. No entanto, avisou que poderá rever a sua opinião. Letta já fez saber do seu cepticismo relativamente à política de austeridade que tem sido seguida na União Europeia.

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