Detidos dois responsáveis de confecções do prédio que ruiu no Bangladesh

Autoridades continuam à procura do proprietário do edifício, que tinha vários pisos acrescentados sem licenças, e prometem punir todos os envolvidos.

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Proprietários terão ignorado avisos de que a estrutura estava em perigo, na véspera do acidente Andrew Biraj/Reuters

Dois responsáveis de fábricas têxteis que funcionavam no edifício ilegal que ruiu nos subúrbios de Dacca foram neste sábado detidos. Três dias depois do acidente que, de acordo com o último balanço, levou à morte de pelo menos 340 pessoas, continuam os protestos nas ruas da capital do Bangladesh.

“Depois da meia-noite detivemos Bazlus Samad, o presidente das confecções New Wave Buttons e New Wave Style, e Mahmudur Rahaman Tapash, director-geral de uma dessas fábricas”, confirmou neste sábado de manhã o chefe adjunto da polícia de Dacca, Shyaml Mukherjee, ouvido pela AFP.

Os dois são agora acusados de homicídio por negligência. E a polícia continua à procura do proprietário do prédio, que há três dias se desmoronou como um castelo de cartas com mais de três mil trabalhadores lá dentro. Tinham sido obrigados a ir trabalhar apesar dos avisos da véspera de que havia fissuras nas paredes do edifício e de que a estrutura estava ameaçada.

“Todos os envolvidos – incluindo o arquitecto, o engenheiro e os construtores – serão detidos por terem posto de pé este edifício”, garantiu aos jornalistas o ministro do Interior, Shamsul Huq.

As fábricas ocupavam os pisos de cima do edifício, que segundo as autoridades foram acrescentados de forma ilegal. O colapso, na quarta-feira, fez pelo menos 340 mortos e 1200 feridos, segundo o último balanço das autoridades, anunciado por um porta-voz do Exército neste sábado de manhã.

Entre os que trabalhavam no prédio, 2412 pessoas escaparam com vida. No edifício funcionavam cinco confecções que laboravam para marcas ocidentais como a Mango e a Primark. As buscas por sobreviventes entre os escombros continuam e ainda na última noite a equipa de resgate encontrou cerca de 40 pessoas com vida.

Desde o nascer do dia, já outras sete foram salvas. “Achamos que ainda vamos encontrar sobreviventes”, disse à AFP o responsável dos bombeiros, Ahmed Ali. “Mas eles já estão demasiado fracos para conseguirem pedir ajuda.”

Com a maior parte das 4500 fábricas têxteis do Bangladesh fechadas devido aos protestos dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, os empresários do sector decretaram um dia de feriado para este sábado. E para domingo já foi convocada uma greve pelos sindicatos.

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