"Eduardo Lourenço é o maior ensaísta da língua portuguesa"

O comissário da presença portuguesa na Feira Internacional do Livro de Bogotá tem sido "um incansável investigador, trabalhador e divulgador de Portugal na Colômbia" e "da cultura de Portugal no espaço ibero-americano".

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Jerónimo Pizarro na sua casa em Lisboa Miriam Lago

Enquanto o poeta Gastão Cruz e a escritora Inês Pedrosa falavam na Universidade de los Andes, em Bogotá, na Colômbia, sobre a sua vida e a sua obra, o comissário da representação portuguesa na Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBO), o académico e investigador Jerónimo Pizarro estranhamente saía da sala para atender telefonemas

Enquanto o poeta Gastão Cruz e a escritora Inês Pedrosa falavam na Universidade de los Andes, em Bogotá, na Colômbia, sobre a sua vida e a sua obra, o comissário da representação portuguesa na Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBO), o académico e investigador Jerónimo Pizarro estranhamente saía da sala para atender telefonemas. No final da sessão foi resolvido o mistério: o especialista em Fernando Pessoa, colombiano com nacionalidade portuguesa, estava a receber telefonemas de Portugal a anunciar-lhe que lhe tinha sido atribuído o Prémio Eduardo Lourenço, que está na nona edição, tem o valor de 10 mil euros e é atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI).

Embora Jerónimo Pizarro, 36 anos, não soubesse muitos pormenores sobre o prémio e ainda estivesse a recuperar da surpresa quando o PÚBLICO falou com ele em Bogotá, o reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, justificou à agência Lusa que o comissário da presença portuguesa na FILBO, tem sido "um incansável investigador, trabalhador e divulgador de Portugal na Colômbia" e "da cultura de Portugal no espaço ibero-americano", justificou.

Jerónimo Pizarro é professor da Universidade dos Andes, titular da Cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia e doutor pelas Universidades de Harvard (2008) e de Lisboa (2006), em Literaturas Hispânicas e Linguística Portuguesa. "Também tem este aspecto interessante de estar muito ligado à obra de Fernando Pessoa, que é manifestamente uma das inspirações principais do professor Eduardo Lourenço e, além disso, representa uma abertura à América Latina, que ainda não tinha havido oportunidade de fazer aqui, nos Prémios Eduardo Lourenço", concluiu o reitor à Lusa.

"Considero o Eduardo Lourenço o maior ensaísta da língua portuguesa e a figura que representa o pensamento português no século XX. Um prémio que homenageia a figura do Eduardo Lourenço só pode ser uma máxima distinção", disse ao PÚBLICO Jerónimo Pizarro, algumas horas depois.

O prémio anual, que tem o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e presidente honorífico do CEI, foi instituído em 2004, para distinguir personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas, diz a Lusa. Além do reitor da Universidade de Coimbra, o júri que decidiu na sexta-feira a atribuição do Prémio Eduardo Lourenço era formado, entre outros, pela vice-reitora da Universidade de Salamanca, Maria Serrano, pelo vice-presidente da Câmara da Guarda, Virgílio Bento, pelo físico Carlos Fiolhais e Simonetta Luz Afonso, a museóloga que já dirigiu o Instituto Camões.

A sessão de entrega do prémio terá lugar no dia 7 de Junho, na Guarda, inserido nas comemorações dos 90 anos de Eduardo Lourenço e no âmbito de uma conferência sobre "Portugal e o seu Destino". O Prémio Eduardo Lourenço teve a sua primeira edição em 2004 e já distinguiu Maria Helena da Rocha Pereira, catedrática jubilada da Universidade de Coimbra na área da Cultura Greco-Latina, o jornalista espanhol Agustín Remesal, a pianista Maria João Pires, o poeta espanhol Ángel Campos Pámpano, o penalista Jorge Figueiredo Dias, os escritores César António Molina e Mia Couto, e o teólogo José María Martín Patino.

O PÚBLICO viajou a convite da Secretaria de Estado da Cultura

Notícia actualizada com novas declarações de Jerónimo Pizarro
 
 
 
 

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