Expedição parte em Maio à descoberta do ‘continente de plástico’ do Pacífico

Francês Patrick Deixonne lidera equipa que pretende estudar zona de acumulação de lixo com uma área maior do que a da Índia

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fenómeno da acumulação de lixo no oceano foi descoberto em 1997 por Charles Moore REUTERS/Alex Hofford/Greenpeace/Handout

Um ano após uma tentativa falhada, uma expedição vai partir em Maio à descoberta do “7.º continente”, uma gigantesca placa de detritos de plástico que flutua no Pacífico, maior do que a Índia, mas ainda pouco conhecida.

O líder da expedição, o explorador francês Patrick Deixonne, de 48 anos, descobriu o fenómeno em 2009 quando participava numa travessia solitária a remo. “Eu via todos os resíduos de plástico que andavam à deriva à minha volta. Fiquei admirado e perguntei-me: ‘mas onde vai tudo isto?’”, disse Deixonne, em declarações à AFP.

Quando regressou a terra, o antigo sapador bombeiro da Guiana Francesa documentou-se e encontrou a resposta: os detritos plásticos amalgamavam-se num ponto de encontro de correntes marítimas que se enrolam por efeito da rotação da Terra e formam um imenso vórtex a que se chama “giro”.

No total, milhões de toneladas de detritos provenientes das costas e dos rios flutuam nos cinco principais giros, repartidos por todos os oceanos, com a força centrípeta a atraí-los para o centro.

Esta enorme ‘sopa’ é essencialmente composta de micro detritos de plástico decomposto em suspensão à superfície da água, por vezes até 30 metros de profundidade, pelo que é muito difícil detetá-la em observações por satélite, sendo apenas visível no local, em embarcações.

Segundo a agência espacial francesa que apadrinhou a missão ao “7.º continente”, o Giro do Pacífico Norte, entre a Califórnia e o Havai, é um dos maiores do planeta, com uma superfície de cerca de 3,4 milhões de quilómetros quadrados. Mas, como se encontra em águas de pouco interesse para a navegação comercial e o turismo, “o problema só interessa aos ecologistas e aos cientistas”, lamentou Patrick Deixonne.

Desde que foi fortuitamente descoberta pelo oceanógrafo norte-americano Charles Moore em 1997, esta placa de detritos só foi alvo de alguns estudos que visavam estudar o impacto da poluição sobre os oceanos e a sua fauna. Membro da sociedade de exploradores franceses, Patrick Deixonne quer agora chamar a atenção para esta “catástrofe ecológica” e para isso vai até ao local fazer observações científicas e captar imagens.

A expedição deve partir a 20 de Maio de Oceanside, no sul da Califórnia, com destino ao giro e realizando medições ao longo do percurso para comparar a concentração e a natureza dos detritos, explicou. A missão deverá acontecer precisamente um ano depois de uma outra expedição, que ironicamente falhou devido a incidentes relacionados com detritos de plástico.

Mesmo antes de o barco partir da Califórnia, um saco de plástico bloqueou a bomba de água do barco de 1938 fretado por Patrick Deixonne. Depois, restos de um fio de pesca em nylon danificaram o seu leme no Golfo do México. Sensível à missão e ao desaire de Patrick Deixonne em 2012, o Yacht Club de Oceanside decidiu este ano associar-se à expedição, cedendo graciosamente um potente barco a motor e três tripulantes.

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