O fabuloso destino de Robert Lewandowski

REPUBLICAÇÃO Hoje é o ídolo dos adeptos da Polónia e do Borussia de Dortmund, mas o primeiro treinador do avançado "rezava todos os jogos" para que as pernas de "Bobek", "que pareciam palitos", não "se partissem".

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Lewandowski AFP

A história é famosa na Polónia: Franciszek Smuda, actual seleccionador polaco, era treinador do Lech Poznan e deslocou-se a Pruszków para observar o avançado do modesto Znicz, equipa da terceira divisão.

Ao fim de 15 minutos de jogo, Smuda levantou-se, acusou o empresário de o fazer perder tempo, exigiu o dinheiro da gasolina e foi embora. O avançado chamava-se Robert Lewandowski: herói polaco, marcador do primeiro golo do Euro 2012 e actual avançado do Borussia de Dortmund.

O episódio de Pruszków é apenas um numa vasta lista de rejeições e humilhações na carreira de Lewandowski. Natural de Varsóvia, o jogador do Borussia Dortmund teve uma passagem fugaz pelo Partyzancie Leszno, clube onde o seu pai trabalhava, mas a primeira equipa onde jogou foi o Legia Varsóvia. Com apenas nove anos, o pequeno Robert tinha "pernas que pareciam palitos" e Krzysztof Sikorski, o seu primeiro treinador, "rezava todos os jogos para que elas não se partissem".

Quinze anos depois, o PÚBLICO encontrou-se com Sikorski no Estádio Wojska Polskiego, a casa do Legia onde Lewandowski começou, e o treinador de 66 anos, entretanto reformado, transbordava ansiedade pela estreia de "Bobek" no Euro 2012. "Vou estar na bancada com uma lágrima no canto do olho. É um orgulho enorme saber que ele começou comigo", afirmava Sikorski, deixando uma certeza: "Se for bem apoiado pelos colegas, pode ser o melhor marcador do Euro." "Hoje, quando olho para o Robert, quando vejo as fotografias no Borussia Dortmund e na selecção nacional, vejo um pouco do "Bobek" dos tempos de Varsóvia. Os mesmos movimentos, o mesmo rosto. E isso faz-me sorrir", refere. Sikorski recorda-se de um jogador pequeno, o menor da equipa, "tremendamente eficaz" e "muito bem-educado".

"Nunca foi atraído por cigarros ou drogas. Nunca deixou de estudar, mas tinha sempre a bola debaixo do braço. Quando lhe perguntávamos o que ele queria ser no futuro, a resposta era imediata: 'Quero ser jogador do Legia Varsóvia e da selecção'".

Apesar de hoje ser a grande figura da selecção polaca, Lewandowski nunca conseguiu afirmar-se no Legia. Em 2005-06, com 17 anos, foi relegado para a equipa de reservas e na época seguinte foi dispensado. Seguiu para Pruszków, onde jogou dois anos no Znicz. Marcou 38 golos.

As boas exibições despertaram a atenção dos grandes clubes polacos e surgiu a hipótese de regressar ao Legia, mas a equipa de Varsóvia apostou no espanhol Arruabarrena. Foi então que o destino voltou a cruzar, novamente, Franciszek Smuda no caminho de Lewandowski.

Convencido pelos muitos golos apontados no Znicz, o seleccionador avançou para a contratação do avançado e o Lech Poznan pagou ao Znicz cerca de 350 mil euros.

O resto é uma história de sucesso. Bastaram dois anos no Lech para Lewandowski se transferir para Dortmund por 4,5 milhões de euros.

Texto originalmente publicado a 12 de Junho do ano passado, durante o Euro 2012, pelo enviado do PÚBLICO à Polónia, David Andrade.

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