Milhares de árvores continuam caídas no Pinhal de Leiria após temporal de Janeiro

Autarca da Marinha Grande teme que local se transforme num "barril de pólvora" na época de incêndios.

Foto
Temporal de Janeiro derrubou milhares de árvores e provocou estragos por todo o país Fernando Veludo/NFactos

Três meses após o temporal de Janeiro, “continuam tombadas mais de 100 mil árvores” na Mata Nacional de Leiria, disse nesta segunda-feira à Lusa o presidente da Câmara da Marinha Grande (PS), citando dados da Protecção Civil Municipal.

“Cerca de 2,5 quilómetros de estradas, arrifes e aceiros estão obstruídos [só na zona de S. Pedro de Moel], o que constitui um barril de pólvora para a época de incêndios”, sublinhou Álvaro Pereira, durante uma visita conjunta à mata com dois deputados da Assembleia da República eleitos pelo PS.

Este pinhal, conhecido como Pinhal de Leiria ou Pinhal do Rei, ocupa quase dois terços do território do município da Marinha Grande e pertence ao domínio privado do Estado. Foi muito afectado pelo temporal de 18 e 19 de Janeiro, que causou prejuízos de milhões de euros um pouco por todo o país. A região de Lisboa e Vale do Tejo foi a mais afectada mas o distrito de Leiria também registou grandes prejuízos.

Os parlamentares João Paulo Pedrosa e Odete João exigiram ao Governo a utilização do Fundo de Intervenção Ambiental para proceder à limpeza da floresta e das vias, pagando a “desempregados ou beneficiários do Rendimento Social de Inserção” para colaborarem nos trabalhos.

Tanto o presidente da Câmara da Marinha Grande como os dois deputados lançaram críticas ao Ministério da Agricultura, salientando o facto de o município ter disponibilizado máquinas e recursos humanos para garantir uma intervenção de urgência ao longo da mata, o que o Governo não terá feito.

Um madeireiro “já começou a realizar trabalhos de limpeza, mas não temos sequer prazos de quando estarão concluídos, mas sabemos que pela mata está espalhado combustível que pode resultar numa calamidade para o concelho”, alertou o autarca.

Na visita desta segunda-feira foi possível constatar a existência de vias cortadas e a inexistência de sinalização que previna automobilistas dos constrangimentos quer ao nível da circulação, quer de segurança naquela área.

Já no passado dia 9 a Câmara da Marinha Grande acusara o Governo de não assumir responsabilidades na “limpeza das estradas florestais” no concelho, cuja circulação está em causa desde o temporal de Janeiro.

Em comunicado, a autarquia salientou que o secretário de Estado das Florestas se mostrara, durante uma audiência solicitada pelo município, “totalmente insensível para a resolução do problema, afirmando inclusive que não constitui prioridade a retirada de árvores e que não há garantia de que essa limpeza seja efectuada até ao final do ano”.

O presidente da autarquia defendeu que “a omissão de tal dever é uma opção inaceitável e irresponsável (...) por impossibilitar a acção dos bombeiros” e lembrou que “um pequeno foco de incêndio poderá assumir (...) danos inimagináveis para a Mata Nacional”, tendo solicitado uma audiência à ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas. A Lusa questionou o ministério na ocasião, mas não recebeu qualquer resposta.

 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar