Movimento Que se Lixe a Troika lança “moção de censura popular” contra o Governo

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O movimento Que se Lixe a Troika começou neste sábado a recolher assinaturas para uma “moção de censura popular”. A acção, cuja intenção é exigir a demissão do Governo, teve início simbólico em Grândola.

“Pretende-se demonstrar que há um repúdio generalizado por parte do povo português ao Governo”, afirmou à agência Lusa Jorge Falcato, um dos promotores do movimento, que se deslocou de Lisboa a Grândola com um grupo de cerca de 20 pessoas. O arquitecto considerou que o Executivo “já não tem condições para governar porque está a levar o país para uma situação de bancarrota, para uma situação de abismo”.

Jorge Falcato, de 59 anos, espera que este primeiro evento “possa vir a dar origem a várias mobilizações locais”, que envolvam “as mais diversas entidades”, para a divulgação e subscrição do documento que exige a demissão do Executivo liderado por Pedro Passos Coelho. “Vai haver muita gente a subscrever esta moção”, vaticinou o organizador, que disse ser “inadmissível” que haja “gente a passar fome” em Portugal.

Francisco Assis, 75 anos, não hesitou em afirmar à Lusa que iria “certamente” assinar o documento, uma vez que, por ele, o Governo “podia cair já hoje”. O reformado, natural de Grândola, assumiu-se como um homem “de esquerda” e manifestou-se preocupado com os cortes nas “reformas, nos hospitais e nos centros de saúde”.

O movimento Que se Lixe a Troika escolheu Grândola para dar o “pontapé de saída” a esta iniciativa por uma questão “de simbolismo”. A cidade alentejana é o tema da canção de José Afonso Grândola, vila morena, que tem sido usada para contestar a actual situação do país e que hoje, inevitavelmente, se ouviu entoar.

No Jardim 1.º de Maio ouviu-se poesia, cantares alentejanos, hip hop, música cabo-verdiana e de intervenção, mas também o texto da “moção de censura popular”, que foi lido e aprovado no Terreiro do Paço, em Lisboa, a 2 de Março, no final da manifestação com o lema “Que se Lixe a Troika! O Povo é quem mais Ordena!”.

Um dos organizadores do evento, João Madeira, referiu à Lusa que “muitas das pessoas” que estão a aderir à iniciativa “não têm propriamente o hábito de participar nestes movimentos, o que mostra que há um desconforto social muito grande em relação à política do Governo”.

João Madeira acredita que “o descontentamento popular” poderá ter “eco” tanto a nível parlamentar, como “da própria base de sustentação partidária” do Executivo. “Há sinais, como se sabe, de desentendimento, de clivagens, a que a “rua” não é completamente alheia”, defendeu o professor, de 57 anos.

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