Bach, T.S. Eliot e tiros de canhão no funeral de Margaret Thatcher

O caixão da baronesa vai percorrer Londres e o seu corpo descansará em três igrejas diferentes, antes de ser cremada.

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A comunidade norte-irlandesa de Nova Iorque festejou a morte de Thatcher AFP

O Governo britânico divulgou o programa do funeral de Margaret Thatcher, que se realiza na quarta-feira. Haverá hinos conhecidos, poemas de autores consagrados e muito protocolo, com o caixão a atravessar Londres escoltado por membros de todos os ramos das Forças Armadas.

De acordo com o programa, o funeral da antiga primeira-ministra não cumprirá os seus desejos, ou pelo menos a maior parte deles. Thatcher expressara que não queria um funeral protocolar ou que o Estado gastasse dinheiro público com ela, depois de morta.

Não se sabe ao certo quanto custarão as cerimónias, o jornal The Guardian fala numa estimativa de dez milhões de libras. Mas decerto são dispendiosas. Será um funeral com honras militares, que no fundo está apenas um pequeno degrau atrás de um funeral de Estado, reservado aos monarcas mas que foi feito apenas a um primeiro-ministro, Winston Churchill. 

O processo começa na terça-feira, com a chegada do corpo à capela do Parlamento - e este foi um desejo da baronesa Thatcher, sendo que a rainha deu a sua autorização - e a realização de uma missa privada para familiares, políticos e amigos. O caixão permanecerá ali de terça para quarta-feira de manhã, quando sairá em cortejo para uma segunda igreja, St. Clements, o patrono da Força Aérea.

Daqui sairá, já na tradicional carruagem fúnebre - uma carruagem de transporte de canhão - para a catedral de São Paulo. Nas escadarias desta estarão 14 Chelsea Pensioners (antigos membros do Exército) porque a baronesa tinha uma ligação especial ao Royal Chelsea Hospital, que é a sede deste corpo. O caixão será transportado para dentro da catedral por militares ligados à campanha nas Falkland.

Membros dos três ramos das Forças Armadas estarão de sentinela em todo o percurso - e há polícia destacada para prevenir incidentes, uma vez que a morte de Margaret Thatcher tem sido também festejada nas ruas pelos que se opuseram às suas políticas ou não gostam do seu legado. No sábado realizou-se uma manifestação anti-Thatcher no centro de Londres, em Trafalgar Square, e 16 pessoas foram detidas por desacatos.

Dentro da catedral de São Paulo decorrerá uma cerimónia religiosa. O bispo de Londres, Richard Chartres, e o arcebispo de Cantuária (o chefe da Igreja de Inglaterra), Justin Welby, terão a palavra. Amanda Thatcher (filha de Margaret) e David Cameron (primeiro-ministro), lerão textos religiosos. E a banda da Força Aéria tocará Purcell, Gustav Holst, John Ireland, Herbert Howells, Edward Elgar, Frank Bridge, Charles Stanford, Hubert Parry, Ralph Vaughan Williams, Brahms, Gabriel Faure e Bach. Também serão lidos poemas, ou partes deles: Intimation of Imortality, de Wordsworth, e Little Gidding de T.S. Eliot.

Na torre de Londres vão soar os canhões. E, segundo o bispo de Grantham, onde Thatcher nasceu, tudo isto é "um erro". "Deveria ser uma cerimónia discreta e familiar" e não um funeral aparatoso que ela não queria mas também porque "está a ter aproveitamentos políticos", disse. Em Grantham será realizada uma pequena cerimónia de homenagem à antiga primeira-ministra que, depois de passar por três igrejas, será cremada.
 

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