Chipre vende reservas de ouro e abre precedente na zona euro

Governo desfaz-se de 400 milhões de euros de metal precioso para ajudar a financiar o país.

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Preço do ouro caiu, ontem, 1,65% nos mercados Lisi Niesner/Reuters

O governo de Chipre vai vender reservas de ouro no valor de 400 milhões de euros para ajudar a financiar o resgate financeiro, levantando receios de um precedente entre os países mais afectados pela crise da dívida na zona euro.

De acordo com o Financial Times, esta será a primeira vez desde 1997 que um país intervencionado recorre ao ouro para tentar angariar verbas. Durante a crise financeira na Ásia, em 1997 e 1998, a Coreia do Sul apelou aos cidadãos para que doassem jóias ao banco central.

O ministro da Economia cipriota, Jaris Yeoryiadis, já veio alertar que os fundos públicos não devem chegar até ao final do mês. A primeira tranche de ajuda financeira da troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) não deve chegar antes de Maio e, por isso, “a situação financeira é difícil e está no limite”, disse. No imediato, Chipre precisa de 75 milhões de euros para garantir o pagamento de salários e pensões à função pública.

A utilização do ouro estatal é, agora, a solução encontrada para resolver uma parte do problema. Num documento a que o Financial Times teve acesso, Chipre compromete-se a vender o “excesso de reservas” de ouro que detém. O preço do metal caiu na quarta-feira 1,65% nos mercados internacionais, para 1,559 dólares a onça.

Para conseguir angariar 400 milhões de euros, terá de vender mais de 10 toneladas de ouro, das 13,9 toneladas detidas pelo banco central e que pesam 62% no total da reserva existente no país. “O plano cipriota foi um golpe psicológico no mercado”, comentou James Steel, analista do HSBC.

A troika vai emprestar 10 mil milhões de euros a Chipre e o governo local terá de conseguir mais 6000 milhões em três anos. O recurso às reservas de ouro junta-se, assim, ao aumento de impostos sobre o rendimento e as empresas e à taxa sobre os depósitos bancários superiores a 100 mil euros.

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