Companhias aéreas: uma alternativa ao desemprego jovem

Trocaram a faculdade pelo trabalho em companhias aéreas, atraídos remuneração obtida e pela oportunidade de conhecer novos locais e pessoas

Laura Almeida DR
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São cada vez mais frequentes e atractivas para os jovens: as campanhas de recrutamento para companhias aéreas constituem uma alternativa a considerar face à tendência crescente do desemprego jovem.

Trocaram a faculdade pelo trabalho em companhias aéreas, atraídos remuneração obtida e pela oportunidade de conhecer novos locais e pessoas. E estas são apenas algumas das vantagens que superam as saudades que marcam uma vida longe de casa. "Conhece-se imensa gente de culturas e países diferentes, jovens com uma realidade diferente", afirma Tiago Lopes, membro da tripulação da Ryanair.

"Após um ano na companhia posso dizer que, apesar das saudades, conheci culturas diferentes e criei laços com pessoas incríveis", afirma Stéphanie Xavier, membro da "cabine crew" da Ryanair. "O facto de estar longe da família é uma contrapartida, um preço a pagar por um bom emprego", afirma Melissa Santos, uma jovem de 22 anos que afirma querer candidatar-se a um estágio, mal surja a oportunidade.

Licenciada em Línguas Estrangeiras Aplicadas, a hospedeira, depois de se ver com o curso terminado, viu no recrutamento da empresa uma oportunidade. Laura Almeida, membro da tripulação da Ryanair em Barcelona, não esperou pelo fim da licenciatura: "Se ficasse a acabar o curso, depois poderia não ter a oportunidade de entrar numa companhia aérea. Optei por tentar já; o curso posso sempre acabá-lo. Não pensei duas vezes", afirma.

Tiago Lopes estava a frequentar a licenciatura em Relações Internacionais na Universidade de Coimbra quando a oportunidade surgiu. A decisão não foi "leviana" e resultou da falta de perspectivas futuras. Entre "não conseguir estágio" ou "conseguir um não remunerado, fora de casa", Tiago Lopes optou pela candidatura a um emprego a bordo.

Nada de tatuagens visíveis

"A principal exigência é sempre o inglês fluente", diz Tiago Lopes, que soma ao currículo o Francês, o Espanhol e o Italiano. Além do conhecimento e do domínio de vários idiomas, "não é preciso ter muitas habilitações". "Pelo que vi, o 12.º é o nível de escolaridade exigido", revela Melissa Santos.

No processo de selecção, a aparência apresenta-se como um factor distintivo. Características como "altura" e "peso" pesam na decisão e "importam porque quem vai num avião gosta de ser atendido por uma pessoa com uma apresentação cuidada", afirma Melissa. "Nada de tatuagens visíveis, altura miníma de 1,55m e peso proporcional à altura", acrescenta Stéphanie Xavier.

Em entrevista ao JPN, a hospedeira da Ryanair sublinha ainda a necessidade do "pagamento do curso, assim como das despesas incluídas ao longo de seis semanas", durante as quais decorreu a formação, em Madrid. Cuidados de primeiros socorros e competências relativas à natação fazem também parte das competências.

A crise condiciona o regresso

"Se tiver oportunidade de voltar, não penso duas vezes: não há nada como a nossa casa", revela Sara Duarte, hospedeira em Girona e ex-estudante da Universidade do Minho. No entanto, a crise condiciona a decisão, como explica Laura Almeida: "Gostava de voltar para Portugal; é o meu país, mas se continuar como está, não vai ser opção".

Por sua vez, Tiago Lopes afirma já não ver Portugal como um país que o possa satisfazer profissionalmente embora até pondere regressar um dia, para terminar a licenciatura. Já Pedro Pulido, ex-membro da "cabin-crew" da RyanAir, deixou a vida de comissário de bordo e regressou a Portugal para "seguir outros sonhos". "A vontade de exprimentar algo novo falou mais alto", esclareceu o actual proprietário de uma loja online que fornece produtos para animais na cidade do Porto.

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