Esquecido

Esquecido pode parecer mais um exercício de gestão de carreira de Cruise nos filmes de acção e aventura onde o aspecto all-American do actor cai que nem ginjas. Aqui, ele é um mecânico futurista encarregue de manter uma instalação energética numa Terra pós-apocalíptica, protegendo a maquinaria necessária para sustentar o êxodo humano para uma colónia espacial. Mas não é esse o plano do realizador Joseph Kosinski (Tron: O Legado), afilhado de David Fincher e autor igualmente da narrativa gráfica em que o filme se baseia, que gere habilmente a inquietação presente neste idílio tecnológico ao longo da primeira hora de filme e sugere estar aqui um filme mais ambicioso do que é habitual nestes blockbusters. Só que essa ambição começa a revelar ser uma colagem de ideias já vistas noutros filmes (sem querer desvendar mais do que seria ideal, digamos que Desafio Total, Vanilla Sky, O Outro Lado da Lua e O Dia da Independência vieram-nos à cabeça durante a projecção).


O que não seria mau se não fosse a sensação das pistas mais interessantes que essa reciclagem abre serem descartadas, como se Kosinski estivesse mais interessado no modo como filma do que na história que quer contar - e há que reconhecer que, visualmente, Esquecido é inspirado, com um sumptuoso trabalho de cenografia a cargo de Darren Gilford, e que há até alguma inteligência no modo como tudo acaba por girar à volta de três personagens num triângulo romântico inesperado (Cruise, Olga Kurylenko e Andrea Riseborough). Esquecido é mais interessante do que a sua aparência de filme de acção formulaico dá a entender, mas fica aquém do que a sua premissa podia dar.

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