Afinal teste nuclear da Coreia do Norte não está iminente

Autoridades sul-coreanas falaram em sinais de movimentações pouco habituais que indicavam que Pyongyang se preparava para um quarto teste nuclear. Horas depois disseram que eram apenas actividades de rotina.

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Soldados norte-coreanos num exercício militar em local não identificado nesta foto tirada a 6 de Abril KCNA/Reuters

Depois de vários governantes sul-coreanos terem avançado que havia indicações de que a Coreia do Norte estava a preparar um quarto teste nuclear, um porta-voz do Ministério da Defesa veio dizer que afinal não há. As actividades detectadas junto à base de Punggye-ri não passavam afinal de uma rotina.

Horas antes da rectificação do Ministério da Defesa, o ministro da Reunificação sul-coreano, Ryoo Kihl-Jae, tinha dito que havia “sinais” de uma actividade pouco habitual em torno do principal complexo de ensaios nucleares norte-coreano, que indicava que Pyongyang se deveria estar a preparar para fazer um quarto teste nuclear dentro de alguns dias.

Também o diário sul-coreano JoongAng Ilbo descrevia movimentos na zona da base de Punggye-ri, no Noroeste do país, do género daqueles que tinham sido observados antes do terceiro ensaio nuclear da Coreia do Norte, a 12 de Fevereiro deste ano. Um teste que levou a mais sanções pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e esteve na origem da actual tensão na península coreana.

“Estamos a vigiar de perto uma situação muito semelhante à que vimos antes do terceiro ensaio”, disse uma fonte do Governo ouvida pelo jornal. “Estamos a tentar perceber se é uma preparação genuína ou um estratagema para colocar mais pressão sobre nós e os Estados Unidos”, acrescentou.

O alerta de Seul levou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a dirigir-se à Coreia do Norte com um pedido: “Não tomem medidas que representem uma nova provocação”, disse aos jornalistas em Haya, durante um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês.

Furiosa com a nova ronda de sanções imposta pelas Nações Unidas depois do ensaio nuclear de Fevereiro e as manobras militares da Coreia do Sul com os Estados Unidos, Pyongyang multiplicou nas últimas semanas as declarações bélicas contra os dois países.

Numa tentativa de acalmar a Coreia do Norte e também para sacudir responsabilidades na escalada retórica das últimas semanas, Washington anunciou no sábado o adiamento do ensaio de um míssil balístico intercontinental com capacidade nuclear, que estava marcado para esta semana na base de Vandenberg, na Califórnia.

Sem se dirigir directamente a nenhuma das partes envolvidas, a China, única aliada do regime de Pyongyang, deixou no mesmo fim-de-semana um aviso a todos. “Ninguém tem o direito de lançar o caos numa região, muito menos no mundo inteiro, por egoísmo”, disse o Presidente chinês, Xi Jinping.

Já nesta segunda-feira Pequim reafirmou, através do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, numa conferência de imprensa, que quer a paz na península, não guerra. E que a solução para o problema nuclear na Coreia do Norte é responsabilidade de todas as partes.

Empresas paradas em Kaesong
Entretanto, no complexo industrial de Kaesong, o único projecto conjunto entre as duas Coreias, há 13 empresas paradas, depois de na semana passada Pyongyang ter impedido o acesso de pessoas e veículos da Coreia do Sul ao local.

O Ministério da Unificação sul-coreano explicou que há nove empresas a juntarem-se às quatro que tinham inicialmente ficado paralisadas por falta de produtos.

Este é o sexto dia em que os trabalhadores sul-coreanos não conseguem aceder a Kaesong, que se situa na Coreia do Norte mas é o local de trabalho de centenas de sul-coreanos. Depois de ter sido permitida a saída de 300 são perto de cinco centenas os que permanecem no complexo industrial.

O clima de tensão dos últimos dias levou, além disso, Pyongyang a anunciar que retiraria do complexo os 53 mil norte-coreanos que lá trabalham e “suspender temporariamente as operações” no local. “Vamos retirar todos os nossos trabalhadores da zona”, declarou Kim Yang Gon, um alto responsável do partido, num comunicado divulgado pela agência oficial KCNA. Seul já disse que a decisão não tem justificação possível e avisou que a Coreia do Norte será responsável por todas as consequências.

Diariamente, centenas de trabalhadores da Coreia do Sul cruzam a fronteira em direcção a Kaesong, um complexo industrial inaugurado em 2004, fruto de um acordo entre os dois países, onde se instalaram mais de uma centena de empresas sul-coreanas. 

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