Sete em cada dez mulheres portuguesas sofrem de disfunção sexual, relacionada principalmente com problemas associados ao orgasmo, conclui um estudo da Escola de Ciências da Saúde Universidade do Minho. Segundo o estudo, as mulheres com disfunção apenas têm relações sexuais oito vezes por mês, contra as 12 das que não sofrem daquele problema.
Mais de metade das mulheres avaliadas disseram não conseguir atingir o orgasmo, devido ao stress (30,7 por cento), a dores durante o acto sexual, ao vaginismo e a experiências sexuais indesejadas.
O estudo, intitulado “Disfunção sexual feminina em idade reprodutiva - prevalência a factores associados”, é um dos primeiros a ser desenvolvido a nível nacional para esta faixa etária.
O trabalho pretendeu determinar a prevalência global daquela disfunção e dos seus subtipos em mulheres com idades compreendidas entre os 18 e 57 anos, bem como analisar se existe uma associação com factores sociodemográficos, método contracetivo ou existência prévia de experiências sexuais negativas.
Perturbação do orgasmo
“Esta disfunção traduz-se por uma alteração em qualquer uma das fases do ciclo de resposta sexual (desejo, excitação e orgasmo) ou ainda por perturbações dolorosas associadas ao acto sexual”, explicou a autora do estudo, Bárbara Ribeiro, alertando para o facto de apenas metade daquelas mulheres encararem a disfunção como um “problema”.
As restantes “tendem a desvalorizar os sintomas”. “Muitas delas ainda não encaram uma vida sexual plena como parte integrante da sua satisfação pessoal, atribuindo mais valor a outros factores, nomeadamente a vida familiar e a relação com o parceiro”, acrescentou Bárbara Ribeiro. A perturbação do orgasmo afecta cerca de 20 por cento das mulheres em todas as faixas etárias. Foram ainda encontradas relações directas entre a contracepção hormonal/perturbação do desejo e a aversão sexual/experiências sexuais indesejadas.
Assim, 93 por cento das participantes vítimas de violação apresentam disfunção sexual e aquelas que usam contraceptivo hormonal têm uma probabilidade 2,6 vezes superior de vir a sofrer de diminuição do desejo sexual, quando comparadas às que recorrem a outro método contraceptivo.
As participantes entrevistadas eram utentes de um centro de saúde do distrito de Braga, sendo que a maioria delas era casada (64,2 por cento), com o 12.° ano de escolaridade (23,3%) e empregada (72.6%). A média de idades encontrada foi de 35,6 anos. A prevalência da disfunção sexual feminina situa-se entre os 25 e os 63 por cento a nível mundial, embora os estudos realizados sejam ainda escassos.