PS desafia deputados madeirenses do PSD e CDS a votarem moção de censura

Socialistas lembram que Jardim defendeu a demissão do Governo de Passos Coelho e José Manuel Rodrigues exigiu o afastamento de Vítor Gaspar.

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Alberto João Jardim já defendeu que é preciso encontrar um novo Governo DR

O líder parlamentar do PS, Carlos Pereira, desafiou os deputados do PSD e do CDS/PP a votarem a favor na Assembleia da República, por uma “questão de coerência”, a moção de censura apresentada esta quarta-feira pelos socialistas.

"Só assim se compreenderá que isto tudo não é uma encenação e um exercício de cinismo", afirmou Carlos Pereira, no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, durante a discussão do voto de protesto, apresentado pelo PSD, contra o Governo da República, por não garantir a mobilidade dos madeirenses, nomeadamente durante as greves dos transportes aéreos.

"Se não votarem contra, ao fim do dia de hoje teremos dois partidos que passaram ano e meio a enganar os madeirenses", afirmou Pereira, ao recordar as posições assumidas pelos líderes regionais do PSD e do CDS/PP contra as políticas seguidas pelo executivo de Pedro Passos Coelho. Alberto João Jardim defendeu a demissão do actual Governo e a sua substituição por um novo, formado no actual quadro parlamentar. Por seu lado, José Manuel Rodrigues, líder madeirense do CDS-PP, exigiu a demissão do ministro Vítor Gaspar.

Jardim defende que é “preciso rapidamente encontrar um Governo no actual quadro parlamentar para que não haja eleições antecipadas”, admitindo a formação de“um Governo PSD-PS” ou “PSD-CDS outra vez, com outras pessoas”. Para evitar uma crise política, Rodrigues defende a saída imediata de Vítor Gaspar. "O ministro não acerta numa previsão e já ninguém acredita nele", lamenta o centrista, que se demitiu de vice-presidente do CDS/PP, na sequência da ordem dada ao deputado Rui Barreto para votar contra o Orçamento do Estado.

"O que Portugal precisa é de um ministro das Finanças português junto da troika e não de um representante da troika junto do Governo", acrescentou o líder do CDS/PP na Madeira, reconhecendo que "o Governo está a perder a confiança e a credibilidade dos portugueses". Por isso, advertiu, “ou o CDS bate o pé e exige mudanças na composição e políticas do Governo, ou arrisca-se a ser um apêndice do PSD e a passar a ser uma irrelevância política”.

O presidente do Governo madeirense voltou, nesta terça-feira, a opor-se e a demarcar-se “completamente do caminho que está a ser seguido em Portugal”, nomeadamente contra os que querem “dar cabo do Estado Social”.

“Há quem queira resolver a presente conjuntura ainda com mais cortes e ainda com mais impostos, mas isso está absolutamente errado”, disse Jardim. “O que nós precisamos é de aumentar a procura e baixar os impostos, e mesmo à custa de uma certa inflação controlada (nunca acima de 4 a 5%), pôr dinheiro a circular e espevitar a economia”, propôs.

O Governo madeirense voltou esta semana a criticar o Governo da República por não assumir uma “posição forte e firme junto da Comissão Europeia” em defesa da Zona Franca da Madeira. Também o ministro das Finanças foi contestado por ter retido 363 milhões de euros do plano de resgate, alegadamente por discordar da estratégia de pagamentos a credores proposta pela região.
 

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