Jerónimo Martins pressionada para adiar abertura de lojas na Colômbia

Questionado sobre a origem das pressões, Soares dos Santos recusou e respondeu: "Já tenho problemas que cheguem".

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Presidente da Jerónimo Martins diz que é preciso acabar com a mentalidade de "culpar sempre os outros" Nuno Ferreira Santos

O presidente da Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, revelou nesta quarta-feira que sofreu pressões para que a inauguração das lojas do grupo na Colômbia fosse adiada por um mês, sem concretizar quem é que o pressionou.

“Ainda agora tinha a Colômbia pronta e recebi pressões, e também o Presidente da República da Colômbia sofreu pressões, para adiar por um mês a abertura”, afirmou Soares dos Santos, que participou numa conferência promovida pelo Deutsche Bank e pelo Expresso no Museu do Oriente, em Lisboa.

Já à margem do evento, Soares dos Santos escusou-se a revelar aos jornalistas quem é que o tinha pressionado, dizendo que já tem “problemas que cheguem”.

Justificou também a opção de não identificar a origem das pressões por uma questão de “delicadeza”.

Sem querer aprofundar o assunto, o gestor realçou que a operação na Colômbia, que arrancou em meados de Março com a abertura das primeiras lojas Ara e do primeiro centro de distribuição no país, está a correr “muitíssimo” melhor do que o esperado.

Antes, durante a intervenção na conferência, Soares dos Santos mostrou-se muito crítico em relação à classe política e governante, considerando que os portugueses têm de ser “exigentes com os políticos e com os deputados”.

Segundo o presidente da Jerónimo Martins, “é preciso dizer a verdade às pessoas sobre a situação do país. Ninguém envolve ninguém em Portugal”.

E acrescentou: “Os partidos políticos não têm grupos de estudo e fazem tudo em cima do joelho, estabelecendo metas que nunca são cumpridas. Não se pode acreditar nessa gente”.

Entre várias considerações sobre a actualidade do país, Soares dos Santos referiu que “moções de censura não levam a nada”, numa alusão à moção apresentada pelo PS e que foi esta tarde discutida e chumbada pela maioria no Parlamento.

O empresário defendeu a formação de um “grupo de estudo”, constituído por “economistas, generais e empresários, mas sem políticos”, que seria responsável pela “criação de um ‘livro branco’ de soluções” para a crise, e que deveria depois ser levado à discussão pública.

“Agora vão subir o salário mínimo. Mas porquê? Se um empresário quiser subir os salários, que suba. Não é preciso um decreto para isso”, disse o gestor.

“Ninguém fala da lei da greve e dos prejuízos que acarreta para o país”, assinalou, acrescentando que considera importante “dinamizar a sociedade civil”.

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