Enunciados de exames nacionais com código para alunos daltónicos

Código internacional para daltónicos será usado pela primeira vez em exames do secundário que tenham mapas, gráficos ou representações de elementos.

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O código internacional para daltónicos é uma invenção portuguesa Carla Manuel Martins

A Direcção-Geral da Educação assinou nesta quarta-feira, juntamente com o Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) e a empresa ColorADD, um protocolo que visa a integração do código internacional para daltónicos nos enunciados dos exames nacionais.

“O código vai ser aplicado em provas com mapas, gráficos ou representações de elementos em que a cor seja um elemento de identificação essencial. Nos exames do 4.º, 6.º e 9.º ano não há esta necessidade”, explicou o director do Gave, Hélder Sousa, depois da cerimónia protocolar. Isto significa que o código será usado nos exames do secundário das disciplinas de Geografia, Economia, Física e Química, Biologia e Geologia e História.

Não será necessário fazer encomendas especiais de exames para estes estudantes, o que, segundo Hélder Sousa, vai "permitir integrar alunos com necessidades educativas especiais sem que se sintam discriminados".

O número concreto de alunos portugueses que sofrem de cegueira de cor não é conhecido, mas Miguel Neiva, designer e criador do ColorADD, explicou que o daltonismo é sobretudo um problema do sexo masculino, que afecta cerca de 10% da população mundial. “Cria constrangimentos desde muito cedo, pelo que é importante sensibilizar a comunidade escolar para este problema”, acrescentou.

A aprendizagem do código é, para o mentor deste projecto, “fácil e intuitiva porque aproveita conhecimentos que já temos e associa-lhes uma representação gráfica”. Isto é, atribui-se um símbolo às cores primárias – azul, amarelo e magenta – e a combinação desses símbolos corresponderá às cores secundárias, tal como acontece quando se misturam as cores umas com as outras. “O daltonismo é um problema muito transversal, até porque 90% da comunicação é feita através da cor e a educação sempre foi uma das grandes preocupações na utilização deste código”, afirmou.

O código internacional para daltónicos é uma invenção portuguesa e foi maioritariamente testado em Portugal. Está inserido nas mais variadas áreas, como em catálogos de tintas ou etiquetas de vestuário. Faz também parte do mapa do metropolitano do Porto e, brevemente, será também aplicado ao de Lisboa. Contudo, o objectivo de Miguel Neiva é levar este código para fora de Portugal. “O Brasil tem imensa vontade em agarrar este projecto porque lá o daltonismo é considerado uma deficiência”, explicou. 
 

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