As ideias anti-crise premiadas pela Trienal de Arquitectura para mudar Lisboa

Um carro de bombeiros antigo que vai ligar pátios, uma cozinha sustentável e comunitária, a reabilitação de uma praça. O programa Crisis Buster atribuiu bolsas até 2500 euros a dez projectos

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A reabilitação da Entrada Sul do Bairro Alto da Cova da Moura DR

Numa altura em que a palavra “austeridade” aparece “frase sim, frase sim”, a Trienal de Arquitectura de Lisboa decidiu premiar as melhores ideias anti-crise e assim apoiar projectos cívicos e sociais na capital portuguesa. Entretanto, os vencedores do programa de bolsas Crisis Buster foram conhecidos na sexta-feira. Das 152 candidaturas recebidas de 19 países, foram distinguidos dez projectos, com apoios entre os 2000 e os 2500 euros, e sete receberam uma menção honrosa, sem prémio monetário.

A melhor maneira de conquistar um homem (ou uma mulher) é pelo estômago. É o que se diz. Certo é que a alimentação inspirou três dos projectos premiados. “Mundo Mouraria” pretende dar mais visibilidade à iniciativa “Cozinha Popular da Mouraria”, em que Adriana Freire convida os interessados a preparar e partilhar uma refeição no meio deste bairro multicultural. A mesma linha de pensamento é seguida pela proposta “A Cozinha da Casa do Vapor” dos franceses EXYZT Collective que visa construir uma cozinha sustentável para utilização comunitária. Para além deste, apenas mais um dos projectos premiados não é português — “The Object that wanted to keep being itself” dos italianos Normalearchitettura que conceberam “workshops” realizados por artesãos locais para jovens estudantes para perpetuar técnicas.

Para o Gargantua Collective, os restaurantes são “plataformas sociais”. Numa altura em que a crise afecta cada vez mais a restauração, "Genius Loci" propõe incluir no guia da Trienal de forma “aparentemente casual”, uma lista de restaurantes que ameaçam fechar as portas, sem nunca mencionar esta informação. Seguem-se, mais tarde, roteiros por três restaurantes.

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“A Cozinha da Casa do Vapor” DR

Do "Espelho" à "Agulha num Palheiro"

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O laboratório público do estúdio Terrapalha DR

Ficamos ainda a saber que, de 19 a 22 de Setembro, Lisboa vai ter um “Pátio Ambulante”. Expliquemos. A equipa Frame Collective recebeu 2500 euros para criar uma rede de pátios, ligados por um carro de bombeiros antigo chamado “408 Pátio Unit” que, ainda para mais, vende gelados. Ao jornal de parede “O Espelho” foram atribuídos 2050 euros: vão ser publicados e afixados dois números durante a 3.ª edição da Trienal, que decorre de 12 de Setembro a 15 de Dezembro inspirada pelo tema "Close, Closer". Já o atelier Artéria vai desenvolver um banco de casas para reabilitar. Nome do projecto? “Agulha num Palheiro”.

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Agulha num Palheiro DR

O estúdio Terrapalha vai instalar um laboratório público durante três semanas num jardim para realizar “workshops” práticos sobre técnicas de construção inovadoras, ecológicas, “do-it-yourself” e “low budget”. Já a Associação Cultural Moinho da Juventude compromete-se a requalificar a Entrada Sul ("South Entrance") do Bairro Alto da Cova da Moura, dotando-a de bancos e mesas, pavimento para jogos tradicionais e caminhos pedonais. No bairro social da Horta Nova está a “Juventude Na Street”: projecto que vai criar um grupo recreativo para jovens (sobretudo raparigas).

Foi também conhecido na sexta-feira o vencedor do Concurso Prémio Universidades Trienal de Lisboa Millenium BCP. Estudantes de todo o mundo fora desafiados a sugerir uma intervenção no Palácio Sinel de Cordes, sede da Trienal. O vencedor foi o projecto “Fábrica de Sonhos” que liga alunos do Royal College of Art de várias nacionalidades, entre os quais a portuguesa Catarina Vasconcelos. Será feita uma instalação a partir da recolha e dos sonhos um grupo “alargado” de pessoas.

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