Ela usa Facebook para pagar estudos de crianças no Quénia

Marta Baeta escolheu a Kibera para fazer voluntariado. Durante três meses angariou fundos através do Facebook e garantiu um ano de estudos pagos a 16 crianças

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Quando decidiu que queria fazer voluntariado, Marta Baeta escolheu o bairro de lata de Kibera, no Quénia, na periferia de Nairobi. Foi lá que criou um projecto de apoio a crianças que não tinham acesso à educação. Através de uma campanha de angariação de fundos no Facebook, conseguiu, até agora, garantir um ano de estudos pagos a 16 quenianos.

“Eterna aventureira”, sempre sonhou fazer voluntariado em África, “quanto maior fosse o risco melhor”. Foi assim que decidiu fazer um estágio com a AIESEC na Kibera.

Durante três meses, tinha a missão de dar aulas e ocupar os tempos livres de um grupo de crianças entre os 4 e os 7 anos. Marta envolveu-se “emocionalmente muito rápido com as crianças” e sentiu que tinha de causar um impacto ainda maior na vida delas, facto que “teria inevitavelmente de envolver dinheiro”.

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A Kibera é a maior favela do mundo e fica no Quénia DR

Quando começou a época das cheias apercebeu-se que havia crianças que não tinham galochas. Para as ajudar decidiu vender algumas bijuterias feitas na escola e vendê-las aos amigos através do Facebook. Com uma rede de 2500 amigos, em dois dias conseguiu o dinheiro para as galochas e para muito mais.

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Marta pretende regressar já em Janeiro ao Quénia DR

Com os donativos que não paravam de chegar, Marta começou a pensar onde poderia aplicar o dinheiro em benefício “dos miúdos”. E foi assim que decidiu “garantir que durante aquele ano lectivo as crianças teriam uma refeição por dia e direito a estudar”.

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A missão de Marta era ocupar os tempos livres e dar aulas a estas criança DR

Para salvaguardar os interesses das crianças, Marta ficou com os recibos e garantiu que seria ela a pagar tudo, “vindo até a ter discussões com os directores da escola”, que queriam apenas receber o dinheiro. “É preciso ensinar a pescar e não dar o peixe”, explica. A estudante, que ambiciona assegurar os estudos “dos seus protegidos” até que cheguem à universidade, pretende abrir uma conta para o projecto e criar uma espécie de padrinhos para “os miúdos”.

“Uma lição de vida”

Finalista do curso de Relações Públicas e Comunicação Empresarial, da Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, Marta Baeta, 24 anos, fez do voluntariado parte da sua vida.

“Quando entendi o que realmente era a Kibera, as suas não condições, a sua insegurança, os seus perigos, a sua dimensão decidi que tinha de ir para lá”. Marta quis provar a si própria que, mesmo nas piores condições, iria conseguir “sobreviver” e saber que ao voltar viria “mais forte”.

Na Kibera chegou a recear pela sua segurança e foi das poucas voluntárias que escapou aos assaltos. Apesar dos receios, nunca lhe aconteceu nada.

Ao recordar os momentos mais marcantes, Marta nunca vai esquecer “a lição de vida que aquelas crianças” lhe deram, em que lhe mostraram “que é possível ser-se tão feliz com rigorosamente nada”. Relembra também o primeiro dia de aulas das crianças na escola nova pública que só aconteceu porque conseguiu reunir fundos suficientes para lhes sustentar os estudos.

No futuro, Marta só se imagina “a fazer voluntariado ou algum projecto num país menos desenvolvido”. Além disso, tem intenções de criar um grupo de voluntários para enviar em missão para um orfanato no Uganda e “continuar a visitar os meninos do Quénia”. A próxima visita está agendada para Janeiro “para finalizar projectos pendentes e pagar os estudos aos meninos”.

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