Um dos homens mais ricos da China vê a sua fortuna reduzida em 1,38 mil milhões

Os problemas do sector de painéis solares provocaram o declínio da fortuna de Shi Zhengrong.

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Shi começou a Suntech em 2001 depois de trabalhar como director de pesquisa na Pacific Solar Reuters

Shi começou a Suntech em 2001 depois de trabalhar como director de pesquisa na Pacific Solar, outra empresa de energia solar. É licenciado em ciências ópticas pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Changchun e tem um mestrado em física de laser do Instituto de Óptica e Mecânica de Shanghai. Depois de se mudar para a Austrália nos anos 80, fez o doutoramento em engenharia eléctrica pela Universidade de New South Wales em Sydney em 1992. De acordo com Martin Green, professor na Universidade de New South Wales, Shi foi um dos alunos que mais rapidamente completou o doutoramento.

“Ele era o tipo de estudante que obtinha resultados em tudo o que fazia,” disse Green à Bloomberg. “Tinha algo de especial na maneira como que enfrentava os problemas. Era capaz de combater as dificuldades que surgissem.”

Zhengrong, natural da província de Jiangsu, tem origens humildes. Os pais biológicos eram agricultores numa pequena comunidade agrícola na ilha de Yangzhong no rio Yangtze. Graças a certos azares com as colheitas, a família viveu à beira da fome. O mais novo de quatro irmãos, Shi foi doado para adopção. Uma família vizinha que tinha perdido o filho que nasceu no mesmo dia que Shi decidiu adoptá-lo.

O lema de Shi Zhengrong tem desde então sido de trabalhar arduamente com determinação e foco.

Agora, Shi foi despedido como presidente da Suntech, levando-o a falar sobre a incapacidade da empresa restruturar a divida. “O problema é que eles não têm uma solução,” disse Shi numa entrevista, “eles precisam de um plano de negócios viável.”

Descida dos preços dos painéis solares
O declínio do bilionário chinês mostra que a indústria solar se construiu com dinheiro de Wall Street e de autoridades chinesas, levando a uma expansão de fábricas que impulsionou à descida dos preços.

O governo chinês tem apoiado as empresas de painéis solares através de crédito de governos locais ou agências estatais, levando os productores de painéis a expandir as suas fábricas. A Suntech quadruplicou a sua produção anual para 2400 megawatts em 2011 desde de 2007, de acordo com dados da Bloomberg.

Este factor, juntamente com o corte de subsídios a energias renováveis por parte do governo europeu e americano, levou a uma diminuição na procura de painéis solares e consequente sobreprodução dos mesmos. Isto provocou uma descida de 20% nos preços – desde 2011 que a Suntech não lucra. 

Suntech incapaz de pagar dívidas
Este insucesso realça como os riscos para os investidores no sector de energia solar se têm alastrado desde o  colapso da Solyndra, uma empresa de energia solar americana, em 2011, e a bancarrota de empresas alemãs como a Q-Cells SE, a maior empresa do sector. 

A Suntech tinha uma dívida de 2 mil milhões de dólares no fim de Agosto, não conseguindo pagar os 541 milhões de dólares que tinha em títulos. De acordo com o Guardian, foi a primeira vez que uma empresa chinesa não conseguiu pagar a dívida em títulos. Isto levou oito bancos chineses a pedirem a um tribunal em Wuxi, onde a companhia tinha a sua sede, a iniciarem o processo de bancarrota da principal unidade industrial. Segundo o Financial Times, esta insolvência é inédita porque o governo chinês tem apoiado empresas de energias renováveis em apuros.

Mount Kellet Capital Management, Driehaus Capital Management, e Pioneer Investment Management detinham o maior número de títulos da Suntech, cerca de 23% da dívida de acordo com dados da Bloomberg. 

A Suntech anunciou na semana passada que quase dois terços dos detentores de títulos aceitaram adiar os seus direitos durante dois meses para deixar a empresa restruturar a sua dívida.  Nem todos os detentores aceitaram a proposta, e alguns disseram que nunca foram contactados pela Suntech.

Contudo, os investidores poderão perder tudo, diz Aaron Chew, analista do Maxim Group em Nova Iorque. “Isto é sobre detentores de títulos do Oeste contra os bancos chineses a lutar pelos bens, não há suficientes para todos,” disse ele. “Vai ser uma luta dura. Acho que isto se torna num assunto jurídico. Uma das últimas empresas que eu gostaria de enfrentar é o Banco da China sobre um bem na China.”


 

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