Retirada de apoios à Mata Nacional do Bussaco "é um perfeito absurdo" critica autarca da Mealhada

Fundação que gere a mata vai deixar de contar com fundos públicos, nacionais ou locais, por ordem do Governo.

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A preservação da Mata do Bussaco não vai poder ser financiada pela fundação que a gere. Paulo Pimenta

O presidente da Câmara da Mealhada classificou de “perfeito absurdo” e uma decisão “sem pés nem cabeça” a anunciada retirada de apoios públicos à fundação que gere a Mata Nacional do Bussaco. “O bebé é do Estado, é o Estado que o tem de alimentar. Mais valia acabarem com a fundação, ficarem com o menino nos braços, abrirem os portões e deixarem a Mata a saque”, disse à agência Lusa Carlos Cabral.

 

O autarca, que esta quarta-feira reuniu com o grupo parlamentar do PS, irá ser recebido, em breve, pelo secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural e, na próxima semana, pelo grupo parlamentar do PCP.

A reunião de hoje serviu para analisar a situação da Mata Nacional do Bussaco depois de conhecida a recente resolução do Conselho de Ministros de 8 de Março, “que proíbe o apoio financeiro à Fundação Mata do Buçaco por parte de qualquer entidade pública”, incluindo a própria autarquia da Mealhada. “Não sei o que é que foi pior para a Mata: se o temporal de janeiro que deixou uma devastação enorme, se este vendaval da resolução do Conselho de Ministros que deixa o futuro da Mata em jogo”, sustentou o autarca.

No entanto, Carlos Cabral recusa acreditar que a retirada de apoios estatais à Fundação Mata do Bussaco “tenha sido feita conscientemente” ou até que tenha sido uma atitude premeditada. “Admito é que seja um lapso grave de alguém. Se calhar foi alguém que pôs um papel lá no meio e deu nisto”, desabafou.

Carlos Cabral adiantou que a decisão “asfixia a Fundação” e conduz a Mata Nacional “ao abandono, entregue a ninguém, sem gestão, nem rumo. É uma decisão criminosa contra o património nacional”, considerou. Por outro lado, obriga a entidade gestora a subsistir “apenas com as verbas que conseguir angariar”, declarou. “Está-se mesmo a ver que, na situação atual, está toda a gente disponível para ser mecenas, de mãos abertas, da coisa pública”, ironizou.

Depois de conhecida a decisão do Conselho de Ministros que obriga à “cessação total de apoios financeiros públicos” à Fundação Mata do Bussaco, o executivo municipal da Mealhada decidiu, por unanimidade, a 12 de Março, solicitar uma audiência à ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, ao Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Francisco Gomes da Silva, à Comissão de Agricultura e Mar e aos grupos parlamentares da Assembleia da República.

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