Hotéis e restaurantes estão a fechar por causa da lei das rendas

AHRESP diz que há arrendatários que receberam notificações de aumentos médios de 700% a 900%.

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as receitas de IVA deviam ter crescido 200% mas estão abaixo disso Adriano Miranda

A área da hotelaria e da restauração tem registado encerramentos e dispensado pessoas devido à “situação caótica” que atravessa e que se deve, em parte, à nova lei do arrendamento urbano, admitiu nesta quarta-feira à Lusa Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP.

“Na situação caótica em que nos encontramos, com todos os custos de contexto que temos, como o IVA, mais um aumento de renda leva ao encerramento dos estabelecimentos”, afirmou.

Apesar de não dispor de números de encerramentos resultantes do aumento dos valores da renda, a dirigente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) garante serem “cada vez mais”.

“Este custo de contexto adicional está obviamente a motivar [encerramentos]”, notou Ana Jacinto, informando que através dos gabinetes jurídicos da associação se conhece “muita dispensa de postos de trabalho”.

“Para tentarem compensar o aumento da renda e para não fecharem de imediato as portas, vão fazendo a gestão que conseguem fazer. Obviamente, até com prejuízo para o próprio serviço, que irá ficar menos qualificado”, disse.

A responsável voltou a criticar a “colagem” do regime habitacional ou não habitacional, na lei do arrendamento urbano, que “trata da mesma forma realidades distintas”.

“Sempre que o arrendatário fazia obras, o senhorio aproveitava para fazer actualizações de rendas”, informou Ana Jacinto, indicando que no sector não há casos de desajustamentos de rendas ao mercado.

Porém, os senhorios estão a enviar cartas para actualização de valores, “porque não têm nada a perder”.

“Estamos numa relação completamente desequilibrada”, criticou Ana Jacinto, referindo-se aos arrendatários, que receberam notificações de aumentos médios de “700%/900%”.

Para a AHRESP, “há dois proprietários no arrendamento não habitacional, um é o proprietário das paredes, do imóvel”.

“Depois há um proprietário do espaço, do estabelecimento que foi criado, da mais-valia, da clientela”, acrescentou Ana Jacinto, para concluir que no mercado imobiliário em baixa ainda se tentam oportunidades.

“Como o mercado [imobiliário] não está famoso, obviamente que estas situações [despejos] não acontecem em qualquer local. O senhorio pode não ter facilidade em arrendar o espaço, mas os sítios que são, de facto, significativos, as zonas históricas e os estabelecimentos com nome estão a tornar-se muito apelativos”, concluiu.

 
 

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