Projecto Casalata Cabo Verde: o acesso à habitação

CASALATA é o projecto humanitário de três arquitectos, empenhados em promover o acesso à habitação digna e ao planeamento sustentável de combate à pobreza e exclusão social

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E se um dia bidões de combustível, perdidos como lixo, fossem a única possibilidade para construção da tua casa? Até onde iria a tua criatividade? A Arq. Lara Plácido, coordenadora do projecto, explica na monografia que acompanha a curta-metragem: “Praia e Mindelo são cidades cabo-verdianas que apresentam um grande défice habitacional.

O elevado custo de construção, a inflação na habitação e nos terrenos destinados ao mesmo uso, paralelamente com o desemprego existente, impossibilitam a compra ou arrendamento de uma casa, incitando ao aumento da construção ilegal, na maioria das vezes, a única opção para que as famílias carenciadas tenham um abrigo para [sobre]viver.“

As famílias reutilizam o que lhes é mais fácil adquirir como material de construção: bidões de combustível da empresa operante na região. Como em todos os bairros carenciados, a economia e o aumento demográfico estimulam o crescimento vertiginoso deste conceito de urbanismo, que vinca a falta de coesão social e a fragilidade do país. CASALATA é o projecto humanitário de três arquitectos, empenhados em promover o acesso à habitação digna e ao planeamento sustentável de combate à pobreza e exclusão social em Cabo Verde.

Embora o governo tenha, hoje, consciência, sabemos que estas condições não desaparecerão facilmente e depende de cada um de nós perceber as condições desumanas em que estas famílias vivem e combatê-las. Os envolvidos recorrerão à participação de empresas investidoras locais. É um projecto de educação urbana e ambiental e estabelece uma estratégia eficiente na articulação do processo evolutivo e consequente autoconstrução, salvaguardando o uso de materiais e técnicas construtivas locais com o intuito de promover a economia, gerar postos de trabalho e diminuir o impacto ambiental.

Funcionará como contrato de responsabilização e contribuirá para a coesão social, promoção do sentimento de pertença na comunidade e ajuda mútua entre os residentes. Inicialmente, proceder-se-á à construção de seis habitações, que servirão de modelo. Prevêem 50% de investimento no valor de 6870€ por casa, com recurso aos mesmos materiais utilizados até agora, de forma sustentável e com as condições básicas asseguradas, inicialmente num terreno de 70m2, concedido por aforamento à Família Andrade, família na qual se foca o documentário em questão. Por um mundo e consciência mais limpos, sustentáveis e desenvolvidos, a desistência não está nos planos deste grupo de alucinados de pés assentes na terra.

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