Sharam Diniz, a luso-angolana que conquistou a moda mundial

Aos 22 anos, a luso-angolana já desfilou em Paris, Londres e Nova Iorque para marcas como a Victoria's Secret

Sharam vive desde 2012 em Nova Iorque DR
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Sharam vive desde 2012 em Nova Iorque DR
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A luso-angolana Sharam Diniz iniciou-se no mundo da moda como manequim há cinco anos em Luanda, Angola, e aos 22 anos já desfilou em Paris, Nova Iorque, Londres e Lisboa, onde está de passagem para participar na ModaLisboa.

Alta, esguia e de sorriso fácil, Sharam Diniz recordou, em declarações à Lusa nos bastidores da ModaLisboa, que foi apenas há cinco anos que deu os primeiros passos na carreira de manequim em Luanda, onde nasceu. A ligação a Portugal existe desde sempre. “Os meus pais têm cá casa e todos anos, desde que tenho meses, venho cá com eles”, contou, lembrando que cresceu entre Angola e Inglaterra.

Aos 18 anos, Sharam venceu a edição portuguesa do concurso Super Model of the World. Em 2010 foi ao Brasil participar na final mundial do concurso, promovido por uma agência de modelos, mas não ficou entre as finalistas. No mesmo ano em que esteve no Brasil, decidiu inscrever-se numa agência em Nova Iorque. “A partir daí comecei a trabalhar lá, mas só em 2012 me mudei para Nova Iorque”, lembrou.

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Fernando Cabral é o único manequim nacional na lista dos 50 melhores do mundo DR

O nome da manequim luso-angolana foi muito falado no final do ano passado, a propósito do desfile anual da marca de roupa interior norte-americana Victoria’s Secret. Sharam Diniz foi uma das 30 modelos escolhidas para o desfile de 2012, no primeiro ano em que arriscou a fazer o "casting" de selecção de manequins, tornando-se assim na primeira portuguesa a consegui-lo. “Ir ao casting pela primeira vez e passar foi uma bênção de Deus, conheço raparigas que só conseguiram à quinta tentativa”, disse, referindo que a partir do momento em que colocou “na cabeça a ideia de que a moda seria algo sério”, desfilar para aquela marca era um dos seus “objectivos”.

Manequins negros e racismo

Apesar de ter sido escolhida para participar em desfiles nas principais semanas da moda do mundo, como Paris, Nova Iorque e Londres, Sharam assume que “o racismo ainda existe” na moda. “Nova Iorque é o melhor mercado para mim. Como é um mercado grande, há muitas oportunidades para manequins negros, mas mesmo assim não deixa de existir racismo. Já aconteceu não ir a castings por saber que há designers que não aceitam manequins negros”, disse.

Sharam tem noção que o mercado da moda em Luanda “é ainda muito pequeno”, mas acredita “que vá crescer” e lembra que “já não é o que era antigamente”. “Hoje já se ouve falar de manequins angolanas que trabalham a nível internacional, como eu, a Maria Borges e a Roberta Narciso; pouco a pouco vai crescendo.”

Na passerelle da 40.ª edição da ModaLisboa, que terminou domingo, desfilou também um outro manequim nascido em África, que, tal como Sharam, tem dado estado em destaque no mundo da moda a nível internacional. Fernando Cabral, nascido na Guiné e naturalizado português, é o único manequim nacional na lista dos 50 melhores do mundo, do site especializado models.com. Além disso, já protagonizou campanhas da italiana Benetton e da sueca H&M e desfilou nas passerelles de Londres, Paris, Milão e Berlim.

Aos jovens que queiram, tal como Sharam e Fernando, vingar como manequins, a modelo deixa um conselho — “lutem pelos seus sonhos e acreditem neles próprios”, ressalvando que “o mundo da moda não é fácil”. A manequim salienta ainda que “a educação é muito importante” e aconselha os aspirantes a que,”se puderem, finalizem a universidade ou o secundário e então depois trabalhem em moda, porque uma modelo sem cabeça não vai a lado nenhum”.

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