Estudante eleita para residência artística no Japão
Durante o mês de Maio, a estudante da ESAP, Filipa Ramalho, vai estar na cidade de Kofu a desenvolver um projecto artístico sobre os mitos e lendas locais. Esta é a segunda vez que a residência de Yamanashi acolhe um artista português
A estudante de Desenho, Filipa Ramalho, foi a única portuguesa eleita para participar numa residência artística, no Japão, na edição deste ano do programa "Artist In Residence Yamanashi" (AIRY).
Na residência que integra mais quatro participantes de outros países, vão ser desenvolvidos projectos individuais nas áreas de curadoria, artes plásticas e artes visuais, que podem abranger desde a pintura, desenho e arte urbana, ao cinema e à fotografia.
O projecto da jovem de 22 anos consiste na criação de pinturas a aguarela e desenhos a tinta-da-china, tendo como tema principal, a cidade de Kofu. A ideia é recriar as lendas e mitos locais, captados na interacção com os habitantes daquela cidade.
“Tinha a escolha de fazer entre um a três meses”, “mas não posso ficar mais tempo por causa das aulas”, justifica a estudante do 3º ano da licenciatura em Artes – Desenho, da Escola Superior Artística do Porto (Guimarães).
Candidatura demorou uma semana
Em Janeiro de 2013, Filipa Ramalho foi informada da existência de uma “open call” para o Japão, no portal de residências artísticas, Res Artis.
“Tinha havido duas desistências e precisavam de alguém para preencher as vagas”, refere ao P3. O processo de candidatura constava no envio do currículo e de exemplares de trabalhos artísticos. Uma semana depois recebeu a notícia de que tinha sido aceite.
A estudante diz já ter aprendido algumas palavras em japonês, através da Internet, e em Maio, deste ano, inicia o programa que diz ser o concretizar de um sonho: “As minhas expectativas são muito altas. Vou para um país que sempre quis conhecer e vou estar com outros artistas que também ganharam uma residência. É sempre bom tanto para a carreira como para a experiência pessoal.”
Segundo português na residência japonesa
A residência AIRY existe desde 2005 e situa-se na cidade de Kofu, na região de Yamanashi, a 100 km de Tokyo. O objetivo do programa é criar um envolvimento comunitário, entre os residentes, que cultive um ambiente de partilha de ideias e de diferentes culturas.
Segundo a AIRY, é a segunda vez que um artista português participa no programa. Em 2011, o fotógrafo Filipe Casaca desenvolveu um projecto na residência onde retratou pessoas em contextos de intimidade, atendendo à postura e à tensão corporal. Paralelamente, o artista explica que “a ideia escultórica” foi recriada, quer em “espaços interiores, quer em objectos da natureza”.
A convite de Izumi Sakamoto, responsável pela AIRY, Filipe Casaca participou numa exposição colectiva com os artistas japoneses Kenichi Ichikawa e Kiichi Katsumata, onde apresentou o trabalho do primeiro livro, “a minha casa é onde estás”, e ainda um workshop sobre o processo de edição na fotografia.
“Esta residência enriqueceu-me a nível artístico, pelo contacto com artistas japoneses em diferentes campos das artes”, e “a nível pessoal, pelas amizades que ficam”, refere o artista ao P3, revelando ter adquirido “um conhecimento mais profundo sobre a cultura e a arte contemporânea”.
A organização fornece aos artistas um apartamento para hospedagem, um atelier de trabalho, workshops e uma exposição no final do programa. As restantes despesas, incluindo a viagem, são suportadas pelos artistas.
