Mulheres mais avessas ao risco quando inseridas num meio com homens

Estudo da Universidade de Essex testou se a aversão ao risco é um traço naturalmente feminino e concluiu que não, a não ser quando as mulheres estão em grupos mistos.

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Turmas separadas pode ser uma forma de potenciar as características femininas Daniel Rocha

As mulheres são mais avessas ao risco quando inseridas num meio com homens. Um estudo agora publicado indica que se estiverem em grupos exclusivamente femininos, arriscam tanto quanto os homens.

Um estudo publicado no Economic Journal testou a propensão de alunos de escolas mistas e não mistas para tomarem decisões de risco, querendo testar se a falada aversão feminina ao risco é uma característica inata ou gerada por pressões externas.

Os investigadores da Universidade de Essex dividiram a amostra de 260 alunos dos 10.º e 11.º anos em grupos mistos e não mistos de quatro. De seguida, pediram a cada aluno para escolher entre receber cinco libras ou atirar uma moeda – se ganhassem ficavam com 11 libras, se perdessem ficavam com duas.

As mulheres arriscaram, em média do conjunto dos 260 alunos, menos 16 pontos percentuais do que os homens, assim confirmando estudos anteriores que revelavam que as mulheres têm mais aversão ao risco. Mas, olhando apenas para os grupos constituídos, os resultados são muito díspares. Assim, as mulheres provenientes de escolas mistas arriscaram menos 36 pontos percentuais do que os homens, ao passo que as mulheres de escolas não mistas arriscaram o mesmo que os rapazes. As raparigas inseridas num grupo estritamente feminino arriscaram maisdo  que aquelas em grupos mistos.

O estudo provou que as mulheres são menos aversas ao risco quando inseridas num grupo exclusivamente feminino. Isto demonstra que as mulheres estão sujeitas a pressões exteriores que as obrigam a agirem de acordo com certos estereótipos. Os investigadores acreditam que as mulheres têm tendência para agir de modo mais “feminino” quando estão na presença de homens, assim procurando atenuar instintos tipicamente masculinos como a competitividade e predisposição para tomar decisões arriscadas.

Esta descoberta poderá influenciar a maneira como as escolas são organizadas, incentivando a criação de turmas unicamente femininas. O estudo contribuirá também para ajudar a perceber e combater as desigualdades entre os homens e mulheres no que diz respeito a poder e remuneração no local de trabalho.

Adenda: O estudo data de 2012 e não de 2013, como erradamente assumimos
 

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