Portuguesa condenada por organizar casamentos de conveniência no Reino Unido

Maria Loureiro, portuguesa, foi condenada a quase quatro anos de prisão pelo Tribunal de Manchester, em Inglaterra. A ex-professora combinava casamentos entre mulheres portuguesas e homens indianos.

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No dia seguinte à cerimónia, as mulheres regressavam a Portugal Reuters

Os noivos eram indianos, as noivas portuguesas e não se conheciam antes do dia do casamento. Depois da cerimónia, no Reino Unido, elas voltavam para Portugal e eles tinham o que queriam: autorização para permanecer em Inglaterra. A mulher responsável pelo esquema é portuguesa e foi punida com 45 meses de prisão.

Os nove homens, de origem indiana, entraram legalmente no Reino Unido, mas os seus vistos tinham expirado ou estariam quase a caducar. Uma das soluções para poderem permanecer no país seria a de se casarem com cidadãs da União Europeia. Maria Loureiro, de 54 anos, ajudava nesta parte do processo.

Segundo o jornal inglês Daily Mail, a auto-intitulada “casamenteira” era responsável por fazer entrar as mulheres portuguesas em Inglaterra, o que significava arranjar-lhes documentos falsos. Foi, para todas elas, a primeira vez que saíram de Portugal. Já o contacto com os potenciais noivos era feito por um intermediário, Ilias Neki, também julgado e condenado a 32 meses de prisão.

O negócio terá rendido cerca de 31 mil euros, uma vez os homens pagavam entre 7500 e 10.000 euros para se casar.

As noivas apareciam no registo civil vestidas com trajes típicos indianos e com bouquets de flores nas mãos, mas os disfarces não foram suficientes para que o esquema se mantivesse. Os funcionários dos registos de Blackburn, Wrexham e Chester, a noroeste de Londres, alertaram as autoridades ao reconhecerem que a intérprete presente nos casamentos era sempre a mesma. Maria Loureiro facilitava a comunicação entre noivos que não se conheciam antes.

Caso tivesse engendrado o esquema em Portugal, Maria Loureiro arriscaria uma pena até oito anos de prisão, punição prevista para “quem, de forma reiterada ou organizada, fomentar ou criar a prática” deste tipo de uniões. Para os próprios noivos de conveniência, a punição seria entre um e seis anos de prisão.

Em 2011, segundo os últimos dados disponíveis do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, houve 46 crimes de casamento por conveniência em Portugal, o que resultou na detenção de 79 pessoas. 
 

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