PSD e CDS criticam vazio de propostas socialistas

Luís Montenegro (PSD) fala em “mão praticamente cheia de nada”; Nuno Magalhães considera-as simples “desejos” que obrigam a mais despesa.

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Montenegro diz que ainda não está decidido o que fazer em relação à proposta do PS Rui Gaudêncio

O PSD e o CDS desvalorizaram as cinco propostas apresentadas por António José Seguro para Portugal sair da crise afirmando que não são novas, que algumas são partilhadas por todas, mas que também custam demasiado dinheiro para que possam ser implementadas já.

“Quando o PS anunciou, com alguma pompa, um debate, tivemos expectativa sobre os termos em que vinha apresentar a sua alternativa e a sua contribuição”, começou por dizer Luís Montenegro.

Mas afinal, “verificamos que nos trouxe uma mão praticamente cheia de nada. Só não é mesmo uma mão cheia de nada porque houve propostas já conhecidas, outras estão já em curso. A expectativa gorou-se, deu lugar à desilusão”, acrescentou o líder parlamentar do PSD, citando o primeiro-ministro que há 15 dias disse que Seguro está cada vez mais parecido com José Sócrates – fazendo anúncios sem grande fundamento.

Luís Montenegro defendeu que a estratégia actual do Governo é “corrigir” os erros dos governos socialistas e “não os repetir”. Admitiu que é preciso tomar algumas medidas defendidas pelo PS para equilibrar as contas públicas, e também que o Governo falhou nos objectivos orçamentais – e logo atacou o PS por fazer essa crítica quando foi um Governo socialista que em 2009 previu um défice de 2,6% e depois no final do ano este acabou por ser de 10%

“É muito fácil vir aqui falar em fim de austeridade, mas como ficam as contas públicas?”, questionou Montenegro. E apontou o dedo a Seguro, a quem acusa de “ignorar que as reformas estruturais que estão em curso, que terão que se fazer no futuro, nomeadamente a reforma do Estado”.

O social-democrata aproveitou mais uma oportunidade para criticar o PS por recusar integrar a comissão para discutir a reforma do Estado: “Apresentar um plano para o futuro pós-troika sem discutir com os partidos a reforma do Estado é ignorar o que de mais importante pode constar numa alternativa política para Portugal. Isso é imperdoável.”

“A saída para a crise é cumprirmos o programa”, defendeu Luís Montenegro.

Na mesma linha, o centrista Nuno Magalhães relembrou as cinco medidas apresentadas por Seguro no início do debate afirmando: “Isto não são propostas, são desejos.” Desejos que o CDS “acompanha” e que está “disponível para fazer tudo o que for possível para os concretizar”.

Porém, há um problema, alerta o líder parlamentar do CDS-PP: “É preciso esclarecer que todas estas propostas requerem mais despesa, ou seja, mais défice e, quem sabe, mais presença da troika, mais imposições e mais sacrifícios. E isso preocupa-nos.”

Magalhães considera que “não é só Portugal e a Irlanda que precisam que o programa de ajustamento resulte”, mas toda a Europa. E, internamente, “todos os partidos do arco da governação” o deveriam reconhecer e ajudar a que isso acontecesse. Como? Neste momento, trabalhando para mostrar à troika, durante esta sétima avaliação, que existe um “consenso político social alargado” que permita que estas “reformas muito duras e difíceis possam fazer o seu caminho”.

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