Incidentes levam Shell a suspender prospecções de petróleo no Alasca

Empresa anuncia pausa no programa offshore no Árctico, mas diz que quer voltar. Ambientalistas pedem a Obama que o proiba.

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O navio-plataforma Kulluk, encalhado durante mau tempo em Janeiro DR

A empresa petrolífera Shell decidiu suspender, em 2013, o seu programa de prospecções no Árctico, próximo do Alasca, marcado por incidentes recentes com plataformas que operavam nos mares da região.

Desde há seis anos que a Shell vem desenvolvendo um vasto programa exploratório de potenciais reservas de petróleo sob a plataforma continental no mar de Chukchi e de Beaufort. Em Setembro do ano passado, começou a perfurar o leito do oceano na região, pela primeira vez nos últimos 20 anos.

Mas uma série de incidentes levaram agora à suspensão dos trabalhos. “Fizemos progressos no Alasca, mas este é um programa a longo prazo, que estamos a conduzir de uma forma segura e ponderada”, disse Marvin Odum, presidente da Shell, num comunicado do grupo. “A nossa decisão de fazer uma pausa em 2013 dar-nos-á tempo para assegurar a disponibilidade de todo o nosso equipamento e pessoal, na sequência das perfurações de 2012”, completou.

As prospecções estão a ser feitas por dois navios-plataforma – o Noble Discoverer e o Kulluk – apoiados por uma série de outras embarcações. Em Julho do ano passado, um problema nas âncoras de fixação deixaram o Noble Discoverer temporariamente à deriva, aproximando-se perigosamente da costa, em Dutch Harbor. Meses depois, houve um pequeno incêndio a bordo e, em Dezembro, a Guarda Costeira iniciou uma investigação ao navio, devido a falhas nos sistemas de controlo de poluição e de segurança da tripulação.

O ano terminou com um incidente ainda mais sério com o navio Kulluk, que encalhou perto da ilha da Kodiac, no Golfo do Alasca. Durante alguns dias, esteve sujeito a intenso mau tempo, com ventos fortes e ondas de vários metros, até que foi finalmente rebocado.

Os incidentes alimentaram ainda mais os receios sobre esta frente da exploração de petróleo no Árctico, com o Alasca ainda marcado pela memória da maré negra do Exxon Valdez, em 1989. “O anúncio da Shell é a admissão de que milhões de pessoas em todo o mundo estavam certas em exigir a Obama que mantivesse a companhia fora do Árctico”, afirma Phil Radford, director executivo da organização ambientalista Greenpeace. “Era suposto que a Shell fosse a melhor das melhores, mas a longa lista de problemas e quase-desastres é uma indicação clara de que mesmo as ‘melhores’ empresas não conseguem ter sucesso na exploração do Árctico”, completa Radford, defendendo que o Presidente Obama proíba as actividades na região.

A Shell diz no entanto que quer continuar as prospecções no Árctico, dizendo que está “empenhada em voltar às perfurações no futuro”. Entretanto, os dois navios-plataforma, o Noble Discoverer e o Kulluk, serão rebocados para reparações na Ásia.

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