Soares dos Santos pede aos políticos para pensarem no povo e não nas “eleições que se aproximam”

Presidente do grupo Jerónimo Martins critica “mensagens difíceis de compreender” de ódio e insulto e diz que é altura de definir um rumo para o país.

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Presidente da Jerónimo Martins diz que é preciso acabar com a mentalidade de "culpar sempre os outros" Nuno Ferreira Santos

O presidente do grupo Jerónimo Martins fez, esta quarta-feira, um apelo aos responsáveis políticos para que deixem de pensar nos seus próprios interesses e comecem a ouvir “o povo” e a definir um rumo para o país. Alexandre Soares dos Santos, que falava durante a apresentação de resultados da empresa, dona do Pingo Doce, apontou o dedo às “mensagens difíceis de compreender em que o ódio e o insulto são a característica principal”.

Para Soares dos Santos, "é forçoso que os políticos sintam que há uma pressão sobre eles". E "não é com Grândola, Vila Morena" que se resolvem os problemas, defendeu. É "através de um diálogo, com sessões na televisão, num debate com os jovens. Não é com pessoas da minha idade", sublinhou.

Numa sala repleta de jornalistas, o empresário começou por falar da forma como o sector da grande distribuição é olhado pela opinião pública e encarado como “o bombo da festa”, que “espreme os produtores, estraga os produtos, importa não sei de onde”. “É só malhar neles”, desabafou. “Há um altura em que tem de se dizer: 'Basta!'. E esse dia é hoje, para mim”, declarou.

O presidente da Jerónimo Martins, que no ano passado superou os 360 milhões de euros de lucros (mais 6% face a 2011), defendeu que quem alargou a variedade de produtos, baixou os preços e contribuiu para a quebra da inflação em Portugal foram os operadores nacionais do retalho alimentar. E disse que já é altura de acabar com a “mentalidade de atacar e culpar sempre os outros”.

“Temos é de nos sentar à mesa e definir um rumo para o nosso país. É esse o meu apelo à Assembleia da República, aos partidos e aos Governos. Deixem de pensar nas eleições que se aproximam, de pensar apenas nos vossos interesses pessoais e pensem no povo, no país, no futuro”, afirmou. E continuou: “Isto só se consegue quando há consenso sobre o tipo de sociedade que queremos, ouvindo as pessoas, sejam representantes de empresas, sejam normais. [Não acontece] vindo cá para fora com mensagens difíceis de compreender em que o ódio e o insulto são a característica principal”.
 
 

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