Líder do PS revela que FMI respondeu à carta

António José Seguro está praticamente convencido de que o seu apelo para que a sétima avaliação da troika, que está a decorrer, fosse também política foi ouvido nas instituições internacionais.

O líder do PS revelou nesta terça-feira de manhã que a presidente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, respondeu à carta de há dez dias, em que Seguro pedia que esta avaliação tivesse um cunho essencialmente político.

Porém, António José Seguro não revelou o teor da missiva. No entanto disse acreditar que essa avaliação vai também ser feita, a par da avaliação técnica habitual. Esse foi também o tema da reunião que Seguro teve com Durão Barroso, em Bruxelas. Só do Banco Central Europeu ainda não chegou qualquer comentário, acrescentou o socialista.

Na visita que na manhã desta terça-feira realizou ao SISAB – Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas, no pavilhão Atlântico, em Lisboa, o líder da oposição aproveitou para “colar” o primeiro-ministro à austeridade da troika.

“Este Governo é fã da austeridade. O primeiro-ministro disse que o seu programa era o programa da troika. Ele defende, ele aplica, ele é um dos principais executores desta política de austeridade em cima de austeridade”, apontou Seguro. O líder socialista recusa que Passos esteja amarrado ao memorando de entendimento – negociado precisamente pelo PS – e recusa “a ideia da inevitabilidade” “Tem que me fazer justiça. Eu não fiquei à espera destes resultados. Há um ano e meio que digo que é preciso renegociar [os termos do acordo]”.

E insiste que o primeiro-ministro “tem muitas responsabilidades” pela difícil situação económica do país. “Ele falhou.” Por isso, Seguro insiste na necessidade de um pedido de desculpas público de Passos Coelho, que também deve “abdicar” do corte de 4000 milhões de euros.

“Mais cortes para quê? O que nós precisamos é de crescimento e de emprego”, apontou, dando como bom exemplo a iniciativa do SISAB, que é “o casamento perfeito entre produtores e clientes”. “Estamos aqui para fazer emigrar os nossos produtos”, afirmou, numa crítica indirecta aos conselhos do Governo de que os portugueses devem emigrar para procurar melhores oportunidades.

“Ele já devia ter dito que abdica desse corte. O país não aguenta mais austeridade, é impossível, chegámos ao limite”, criticou o líder socialista classificando de “inaceitável” que Portugal tenha chegado a um milhão de desempregados. “A política de austeridade não resolveu absolutamente nenhum problema do país”, realçou Seguro. Pelo contrário: “Esta política só acrescenta problemas aos problemas.”

Para Seguro, a solução passa pela “renegociação das condições” do empréstimo da troika: “Mais tempo para a consolidação orçamental, menos juros (vamos pagar 7000 milhões só este ano), mais tempo para pagar o empréstimo e um deferimento no pagamento dos juros.” Além disso, o país precisa também de “uma estratégia de crescimento aliada a uma consolidação orçamental”, indicou o líder do PS, salientando que o partido “nunca esteve indisponível para apresentar propostas para o país”.

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